O repto político, a propaganda, a infiltração econômica em áreas de influência inglesa foi bem mais o tom desse desafio. Ademais, as exigências da situação interna dos Estados Unidos, combinadas com a evolução dos acontecimentos políticos da Grã-Bretanha — sobretudo a partir de 1837, com a reformulação da teoria imperial ao tempo da rainha Vitória —, permitiram ou exigiram composições eventuais entre os dois países, composições que, sinceras ou não, afetaram o ritmo do desafio aqui estudado.
Três momentos foram mais dramaticamente marcantes neste conjunto de circunstâncias, na medida em que eles foram refletidos nos feitos que caracterizaram o desafio norte-americano.
O primeiro veio em 1823, com a proclamação da doutrina de Monroe, logo após a declaração da Independência do Brasil. O segundo, em 1844, com a eleição do democrata James K. Polk para presidente dos Estados Unidos, ocasião em que a carga emotiva contida na declaração de Monroe voltou a servir de arcabouço a fim de sustentar a política decisiva para a anexação do Texas. Reedita-se então o impacto causado pela declaração de 1823. Nesses dois momentos, os diplomatas americanos no Brasil — Condy Raguet em 1827, Henry Wise em 1846 — causaram ou tiveram problemas de tal ordem, que as relações diplomáticas com o Império foram temporariamente interrompidas. O terceiro momento, 1848, foi aquele da eleição do whig Zachary Taylor, cujos reflexos na política exterior relativa à Grã-Bretanha tiveram efeitos decisivos na orientação das relações norte-americanas com o nosso Império.
Em que pesem todas as atenuantes, momentos de maior pujança na política interna dos Estados Unidos — refletidos em suas ações em relação ao continente americano — sob a forma de política protetora ou absorvente, tiveram, no Brasil, desde então, reflexos bem marcantes.
Na corte brasileira, os Estados Unidos, através de seus representantes diplomáticos, viam-se face a face com as tramas da política europeia. Era daqui também que se articulavam diante dela para decidir como agir na América do Sul. Era aqui também que a Grã-Bretanha era o árbitro, o fiel da balança. Era daqui articulada a política platina, como também eram planejadas as intervenções das cortes europeias no cobiçado estuário.
A posição americana de tentativa de bloqueio sistemático dessas articulações, principalmente as franco-britânicas(10) Nota do Autor no Prata, é comandada do Brasil. A atitude dos Estados Unidos quanto ao Império, nesse particular, reflete também os fluxos e refluxos do