seu desafio pugnaz aos britânicos. Ora suspeitam os americanos que a intervenção da Inglaterra ou do Brasil no Prata redunda na mesma coisa, ora cuidam ver na atitude brasileira um sincero desejo de pacificação na bacia platina e até colaboram com nossos dirigentes, passando as informações de agentes americanos a Ferreira França ou a Antônio Paulino Limpo de Abreu.
Importante, porém, é constatar que os americanos e britânicos, no Prata, estão em campos opostos o tempo todo, do começo do século até a queda de Rosas. O Gabinete de Washington auxilia e apoia Rosas secretamente em 1845, com o mesmo empenho que seus corsários lutaram muito antes por Artigas.
O inimigo britânico que perturba os desígnios americanos no Prata na década de 40 é o mesmo que acresce seus territórios coloniais no mar das Antilhas, intervindo na América Central mais obviamente na mesma época, interferência perturbadora, perigosa, de tão próxima ao território dos Estados Unidos.
Que melhor oportunidade para fustigar esse inimigo do que atender aos poderosos interesses dos whigs sulinos com Calhoun e John Tyler e fechar os olhos à participação americana no tráfico brasileiro, e até tentar açular os políticos do Império a resistir à pressão inglesa para a renovação do tratado e término do tráfico?
Este era o esquema de maior monta, objeto de maior empenho da Grã-Bretanha. É exatamente o mesmo que os americanos auxiliam a desmoralizar, acobertando com a bandeira de seus navios o desafio dos traficantes de escravos a "Mr. Aberdeen e suas leis"(11). Nota do Autor Desafio somado a desafio.
Quando em 1845-6, os americanos mudam essa atitude, pelo menos na superfície, apertando o cerco na perseguição aos seus súditos implicados no tráfico brasileiro, não o fazem por favorecer a campanha filantrópica da Grã-Bretanha, mas por conveniência política que demandava aparência de maior colaboração com a Inglaterra, então decidida a deter a expansão do sistema servil americano no Texas como no Brasil. Conveniência política que requeria também aplacar a grita causada nos meios abolicionistas americanos pela publicação de documentos semelhantes aos relatórios consulares de Mr. George Slocum(12) Nota do Autor na imprensa, grita que reboara no Congresso e já pusera a administração Tyler em polvorosa.
São também as necessidades do avanço americano pelo território do México adentro — avanço que seria guerra em 48 — expressões