Desafio americano à preponderância britânica no Brasil: 1808-1850

cada vez mais acesas pelo descabido predomínio dos interesses escravistas do sul, na sua política.

O ano de 1852, o mesmo da queda de Rosas, caracteriza na América do Sul um período em que os norte-americanos, no Prata como no Amazonas, voltam-se, ávidos, para projetos de caráter puramente econômico, tais como a exploração da navegação dos rios sul-americanos, comportamento repetido nos quatro cantos do Universo; tentam abertura das riquezas escondidas no Novo Mundo ou no Oriente em proveito próprio, ou em conjunto, com a Europa se necessário. Teriam então de certo aprendido a lição dos britânicos em companhia dos quais planejaram uma aventura deste tipo — a abertura do Canal de Panamá, assunto tratado por Sir Henry Bulwer e o secretário J. M. Clayton em 1850.

Representariam, entretanto, tais projetos verdadeiramente os ideais da nação do Norte? Atendiam a seus interesses, é certo, mas a grita da imprensa e o repúdio da opinião pública ao apoio do governo a dirigentes latino-americanos desvirtuadores da ideia republicana, como em parte a oposição ao tratado Clayton-Bulwer, insinuam dissidência mais profunda naquela nação que se industrializava rapidamente e seguia mercando seus produtos e seu dinamismo, sentindo, no entanto, a necessidade de ver seus atos justificados pela opinião pública; primeiro a do país, como seria mais tarde com a do mundo, de tal maneira a sugerir não haver jamais olvidado por completo seu sentido de "missão mundial"; aquele da primeira imagem projetada pelos Estados Unidos no final do século XVIII — a imagem de sua Independência como ato em prol da libertação do gênero humano.

Mistura de ideais perseguidos em meio a realidades desconcertantes; fórmula quase tão surpreendente quanto a confusão singela em que seguiam, em pleno início do século presente, as elites brasileiras não distinguindo words, facts and ideals.

Afigura-se relevante lembrar ainda, neste final de trabalho, que as calorosas controvérsias da década de 50 nos Estados Unidos resultariam em descompassamento e convulsão interna. A primeira e a última guerra interna de sua história. Por sua vez, a perseguição dos ideais de progresso e desenvolvimento no Brasil, por parte de suas elites, na mesma década, apontaria para fortalecimento do Império e aumento de seu prestígio com a incrementação da indústria naval(14). Nota do Autor Deu-se o mesmo com esforços locais decididos em prol da industrialização do país, objetivando seu progresso material sem perturbação de sua forma de governo;

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