A Revolta dos Marinheiros, 1910

Durante a viagem de ida para Valparaíso, a guarnição do "Bahia" formou diversas vezes em "amostra" geral (sic) para serem castigados a chibatadas diversos marinheiros por faltas consignadas no Livro de Castigo. Dias Martins, durante a viagem, fez uma carta anônima ao Comandante Francisco Mattos declarando que se continuassem a bordo os castigos corporais, a guarnição se sublevaria e os oficiais pagariam com a vida as injustiças praticadas. Houve um inquérito a bordo. Todos os marinheiros que sabiam escrever foram chamados para um concurso a fim de serem promovidos de classe. Era o meio de identificar a caligrafia da carta anônima. Mas Dias Martins havia escrito com a mão esquerda, e a carta não foi identificada.

Em Valparaíso, a Divisão brasileira fundeou entre a Divisão norte-americana, composta dos Cruzadores de Batalha "Silvania", "Califórnia", "Virgínia" e um outro ("Flórida"), e a esquadra chilena, em linha de fila a bombordo.

À noite do segundo dia de estadia em Valparaíso, cerca das 11h, o imediato Dutra Coelho surpreendeu 11 marinheiros jogando no castelo de proa. Deteve-os e os conduziu à tolda, e mandou chamar o guardião de serviço e o cabo faxina. E pondo em fila os contraventores mandou meter a chibata àquela mesma hora.

Os castigados fizeram escândalo, com gritos e imprecações, a ponto de despertar as guarnições dos navios chilenos e norte-americanos, que estavam a bombordo e a boreste. Um marinheiro que não aguentou a chibata foi posto nu e deitado de bruços e castigado com palmatoadas nas nádegas.

Este incidente e outros foram relatados por reportagem por Dias Martins e publicados no Rio, nas colunas do Correio da Manhã.

A 23 de outubro de 1910, a Divisão fundeava de regresso na Baía da Guanabara. Dias Martins passou a comunicar-se com os conspiradores e para melhor articulação do movimento foi alugado o sobrado da Rua dos Inválidos nº 71, onde os conspiradores se reuniam diariamente.

Nas reuniões noturnas ali realizadas, Dias Martins expunha aos companheiros os planos da revolta e as reivindicações que deviam ser exigidas com armas na mão! O movimento devia partir do "Minas" ou do "São Paulo", navios couraçados, para que pudessem ser intimados aos demais navios da esquadra. Depois de deflagrado

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