o movimento, todos obedeceriam cegamente às instruções do Chefe Dias Martins, que de antemão ordenava o bombardeio do Rio de Janeiro enquanto houvesse munição a bordo, e depois o afundamento dos navios revoltados, caso não pudessem sair vitoriosos. Isto na hipótese de, revoltados e de posse dos navios, não serem atendidos pelo Governo.
Devo esclarecer que os marinheiros conspiradores nada entendiam nem queriam entender de política. Conspiravam no sentido exclusivamente reivindicador sem qualquer relação ou correlação com a política nacional, tendo por fim exclusivo na revolta a reivindicações que reclamavam.
A encerrada campanha da sucessão presidencial, com a vitória do Marechal Hermes, em nada influía na conspiração, pois qualquer que fosse o regime do Governo, o que interessava aos conspiradores era serem atendidos no que reclamavam. Logo nada tinha de política a revolta, pois tratava-se apenas e simplesmente de um movimento reivindicador sem qualquer parcela de interesse político partidário.
Tanto assim que, na reunião dos conspiradores realizada a 13 de novembro no sobrado da Rua dos Inválidos 71, o conspirador Manoel Gregório do Nascimento, da guarnição do "São Paulo", propôs que a revolta deflagrasse no dia imediato, por ocasião da revista naval, em que a esquadra incorporada ia sair fora da barra para encontrar-se com o scout "Rio Grande do Sul", no qual viajava o presidente eleito, Marechal Hermes da Fonseca.
Nessa ocasião seriam apanhados a bordo não só o presidente eleito como grande número de oficiais da Marinha, que seriam todos prisioneiros dos revoltosos, e mortos os que tentassem reagir.
Dias Martins, que como sempre era ouvido como chefe, depois da proposta de Manoel Gregório do Nascimento, tomou a palavra e disse aos companheiros que a proposta de Nascimento não podia ser aceita porque se se revoltassem no dia 14, por ocasião da revista naval, em que se ia receber o presidente eleito, a revolta seria considerada política, com o fim de impedir a posse do presidente eleito. Declarou mais, que não interessava aos marinheiros quem fosse o presidente, nem mesmo qual fosse o regime de Governo, contanto que os marinheiros nacionais não fossem escravos, e se lhes dessem as melhorias que reclamavam.
Ao fim daquela reunião do dia 13 de novembro de 1910 ficou resolvido entre os conspiradores que a revolta devia deflagrar