CMG Gomes Pereira, foi obrigado a içar o sinal da revolta sob pena de bombardeio(*). Nota do Autor
Ora, de posse dos quatro navios, três encouraçados e um cruzador, e abarrotados de munições, os revoltosos ficaram desde logo em situação dominante e força nenhuma nacional seria capaz de vencê-los. Só o socorro de nação, potência estrangeira, como a Inglaterra, a Alemanha, a França ou a América, poderia fazer frente à esquadra revoltada.
Nesse caso, porém, os marinheiros revoltados podiam contar com o auxílio da Armada argentina, cuja marujada havia prometido a Dias Martins, em discurso na praça pública, em Buenos Aires, na Praça de Maio, quando ali esteve a Divisão brasileira, por ocasião de um banquete oferecido aos navios brasileiros por seus colegas argentinos.
Isto se deu, quando de regresso de Valparaíso, a Divisão brasileira esteve em Buenos Aires, de 9 a 20 de outubro de 1910. Num desses dias, cuja data não posso precisar, o Governo argentino homenageou as guarnições brasileiras, oferecendo-lhes um banquete no principal hotel, na praça fronteiriça ao cais onde estavam atracados os navios brasileiros, cuja praça se não me engano se chamava De Maio. No mesmo dia e às mesmas horas, os oficiais brasileiros ofereceram aos seus colegas argentinos, à bordo do capitânia da Divisão, o "Bahia", um sarau dançante.
No banquete dos marinheiros, tomaram parte as guarnições de todos os navios argentinos que se achavam no porto de Buenos Aires, entre eles os Couraçados "Rivadavia" e "Moreno", o Cruzador "Buenos Ayres" e outros, e as guarnições brasileiras.
Após o banquete, e por ocasião dos brindes e discursos, Dias Martins falou francamente no plano de revolta que havia concebido e teve o apoio entusiástico dos marinheiros nacionais argentinos. Destes, um tomou depois a palavra, disse que, se os marinheiros brasileiros se revoltassem, e precisassem do apoio dos marinheiros argentinos, podiam contar com esse apoio, que seria efetivo. Este fato é absolutamente verídico, e os nossos oficiais tiveram conhecimento dele, mas nada se atreveram a fazer a Dias Martins.