Nisso, pois, se encerra toda a ciência do negro que os repórteres apelidaram de "Almirante" por terem-no visto vestido com a túnica de almirante(*), Nota do Autor tendo na cabeça o boné bordado, sem ligarem importância às circunstâncias que tal possibilitaram, sem a devida e justa punição.
Sr. Comandante A. Graça, bom seria que os apologistas do pobre coitado João Cândido soubessem da verdade a respeito da revolta dos marinheiros, e do papel apagado que esse infeliz teve no movimento, no qual entrou por acaso, e sem saber do que se tratava.
Posso afirmar que no passadiço de comando do "M. Gerais" estavam diversos marinheiros timoneiros, qualquer um dos quais podia ter vestido a túnica de almirante, se como João Cândido fosse destituído de discernimento. Além dos timoneiros, permaneciam no passadiço do "Minas" alguns marinheiros armados de fuzil, prontos a executar o negro a qualquer momento, se desconfiassem dele.
Sim, porque na revolta só havia um chefe, um comando consciente e esclarecido, cujas instruções eram seguidas à risca — Dias Martins. De bordo do "Bahia", D. Martins ditava as ordens e instruções, e todos obedeciam sem relutância.
Quando Manoel Gregório, dirigente do movimento no "São Paulo", meteu o navio entre as Ilhas das Cobras e Fiscal, com o fim de chegar ao porto de São Bento e surpreender alguns destroyers em movimento e afundá-los, D. Martins, de bordo do "Bahia", ordenou-lhe que desistisse da tentativa, que podia redundar no encalhe do navio, e Gregório, embora contrafeito, obedeceu, e justificou que se o "São Paulo" encalhasse, seria uma fortaleza flutuante, e como tal combateria até o último cartucho.
Quando o Almirante J. C. de Carvalho, acompanhado de repórteres, se dirigiu aos navios revoltados para parlamentar, a embarcação que os conduzia, só não foi posta a pique porque a isto se opôs D. Martins, que ordenou aos navios que não hostilizassem a embarcação e mandou arriar o portaló do "Bahia" onde ela primeiro atracou(**). Nota do Autor