A Revolta dos Marinheiros, 1910

contra os revoltosos. Quanto aos marinheiros que, ao lado dos oficiais, oferecessem resistência, não deveriam ser poupados. Explicava Dias Martins que a revolta não se ia fazer contra os oficiais, e tão somente com o fim de se obter do Governo a abolição dos castigos corporais e a concessão de melhoria de vencimentos, etapa, instrução e tratamento humano e condigno, e diminuição do tempo obrigatório de serviço. Assim sendo, os companheiros que, ao lado dos oficiais, oferecessem resistência, deviam ser mortos.

Deflagrado o movimento, Dias Martins assumiu o comando do "Bahia" e da Divisão revoltada. Não pôde evitar a morte do bravo Comandante Batista das Neves nem do herói Mario Alves, mas pôde evitar o bombardeio da fortaleza de Villegagnon, da Ilha das Cobras (sede do CFN) e do Arsenal de Marinha.

A vontade dos revoltosos, era dar uma demonstração de poder bélico, bombardeando Villegagnon, Ilha das Cobras e A. de Marinha, porém Dias Martins se opôs a isso, dizendo da inutilidade de sacrifício de vidas e dos prejuízos materiais inúteis que seriam causados, que além disso a munição devia ser poupada, para os momentos precisos de combate. Se não estávamos sendo hostilizados, devíamos permanecer na expectativa. E assim foi. Alguns tiros que foram dados pelo "São Paulo", pelo "Minas" e "Floriano", com direção a terra, foram feitos com pólvora seca(*). Nota do Autor Com tiro real só foram hostilizados duas ou três destroyers que tentaram, dirigidos por oficiais, se aproximar da Armação para se munirem de torpedos.

O "Floriano" foi encarregado de vigiar as destroyers e de rondar a Baía da Guanabara; na manhã de 25, o "Bahia" captou um aviso radiográfico de que a entrada da barra havia sido minada durante a noite. Então Dias Martins ordenou ao "Minas" e ao "São Paulo" (o "Floriano" ficara na Guanabara) que ficassem para trás, pois que o "Bahia" ia atravessar a barra; se afundasse por estar a barra minada, que então o "Minas" e o "São Paulo" entrassem e fizessem o bombardeio dos objetivos — F. de Santa Cruz, São João, Villegagnon, Ilha das Cobras, Armação, Arsenal, Q.G. do Exército, Av. Beira Mar, Flamengo, Catete, etc...

Em hipótese alguma os revoltosos deveriam render-se sem a vitória da causa. E, em desespero de causa, os navios deviam ser

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