Até a chegada do Tenente Paiva, ainda que alguns marinheiros já houvessem despertado e permanecessem "cobertas acima"(*) Nota do Autor a situação era de calma. Para ter melhor controle sobre a guarnição, o oficial de serviço determinou que todos os homens fossem acordados, concentrando-os no convés.
O Tenente Paiva, apenas alcançou o patim superior do portaló, foi declarando em altas vozes, usando termos impróprios, mostrando-se muito excitado e sendo perfeitamente ouvido pela guarnição, que a Esquadra se revoltara para depor o Governo e que o Tenente Barbosa tinha que tomar uma das duas atitudes: ou içava a bandeira vermelha, aderindo à sublevação ou, guarnecendo as torres do "Deodoro" (e ele se oferecia para encarregar-se de uma delas, ficando a outra sob a direção do oficial de serviço), bombardear o "Bahia".
Tendo o Tenente Barbosa se recusado a ouvi-lo e a tomar qualquer das duas iniciativas sugeridas, foi invectivado pelo visitante afirmando que, se não tinha coragem, ele, Tenente Paiva, como mais antigo presente, assumiria o comando do navio. E melhor o fez, mandando içar a bandeira vermelha no tope e a Bandeira nacional a meio-pau, como exigiam os navios rebeldes que passavam perto do "Deodoro", para os quais também acenava entusiasticamente com o chapéu, correspondendo aos gritos que ouvia.
Sem que houvesse ordem para tal, os marinheiros começaram a ferrar os toldos, como preparo do navio para combate. O contramestre de serviço tentou dar contraordem à manobra, mas o Tenente Paiva confirmou a execução da medida.
Neste momento o oficial de serviço sentia a guarnição excitada e atenta às atitudes do Tenente Paiva, o que lhe deu a impressão ser este um delegado dos revoltosos.
Já amanhecia, quando o fiel da artilharia, de posse das chaves dos paióis de munição, perguntou ao oficial de serviço se deveria mandar guarnecer os canhões, o que lhe foi negado, pois, nesta altura, a confiança que tinha em seu pessoal, principalmente depois da atuação do Tenente Paiva, era nenhuma. Este último ainda mandou que se assinalasse para o "Bahia", pedindo uma condução para transportá-lo, mas seu pedido ficou sem resposta.
Como dispusessem de pouco carvão e pouca água, o oficial de serviço mandou que a única caldeira acesa fosse apagada, com o que pretendia dificultar a eclosão de um movimento a bordo.