do século XVIII foi Alexandre Baltazar Lourenço Grimod de La Reynière (1758-1838), exegeta e doutrinador da Gastronomia prática. Era um gastrônomo profissional, requintado, original, exigente, advogado no Parlamento, seus déjeuners philosophiques deram-lhe renome de prodigilidade irregular e uma lettre de cachet meteu-o dois anos entre os cônegos de Domevre. Saiu para viajar: Suíça, Alemanha e voltou para percorrer as feiras, do Sul de França, comprando e vendendo. A revolução não o percebeu. Publicou livros mas o seu Almanach des gourmands ou Calendrier nutrilif, 1803-1812, foi um sucesso de popularidade e fama. Fixou-se, daí até sua morte, no castelo de Villiers-sur-Orge, escrevendo e sobretudo digerindo suculentos jantares e ceias literárias. Dois livros seus obtiveram vulgarização, L'alambic littéraire (1803) e o Manuel des amphitryons, 1808. Brillat-Savarin morava em Paris e pertencia à Cour de Cassation como conselheiro (1755-1826), mais relacionado e citado que o castelão Grimod, um dos pioneiros na ordenação regular dos serviços de mesa, disciplinador do cardápio na sucessão das iguarias no banquete.
O poeta Joseph Berchoux (1765-1839), lavrador de Macon, plantador de repolhos, soldado da Revolução, sendo monarquista, voltou à horta e reapareceu em Paris com um poema em quatro cantos, La gastronomie (ou L'homme des champs à table, 1800) onde há uma evocação da história cozinheira sem influência nos estudos da espécie.
O Império napoleônico pouco dera no assunto culinário além do poulet sauté Marengo, frango cortado e frito no azeite doce, mais italiano que francês. Seria provavelmente solução de La Guipière, cozinheiro imperial, sem prestígio porque le Empereur não sabia comer. A figura notada é de um seu discípulo, Marie-Antoine Carême (1784-1833), autoridade positiva, valorizador da tradição epulária latina, pesquisador documental, consciente e grave na informação quase erudita. Carême foi mestre do service de bouche de Talleyrand que, na constelação dos vícios úteis, tinha a virtude de saber comer bem, com vagar, eleição e sabedoria de paladar. Carême cozinhou para o Príncipe-Regente da Inglaterra, o futuro Jorge IV, alguns anos amigo do beau Brummel, o homem mais elegante da Europa. Cozinhou para Nicolau, Imperador de todas as Rússias e para Francisco, Imperador da Áustria, os mais categorizados garfos da época. Publicou Le maître d'hotel françois ou Parallèle de la cuisine ancienne et moderne em 1822, e Le cuisinier parisien ou L'art de la cuisine au XIXème siècle, em 1833, ano do seu falecimento, digníssimos de reedições que os editores de Paris lhe estão devendo.