História da alimentação no Brasil – 2º volume: sociologia da alimentação

Quitanda: No interior de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, o mesmo que bolos e biscoitos; doces de tabuleiro, qualquer doce de forno. Do quimbundo Kitanda, mercado. (Heli Chatelain). Gonçalves Viana registra como, termo cafreal, de alguns dos idiomas dos matabeles, bassutos, bexuanas, da África Oriental.

Quitandê: feijão verde, aferventado n'água e sal. A polpa, descascada, temperada com torresmo, cebola, alho, coentro, cominho, louro, pimenta-do-reino. Come-se com farinha de mandioca ou bebe-se como sopa. Em Angola, "quitande" é um guisado de purê de feijão, sal e óleo de palma (dendê), segundo Oscar Ribas, lembrando muito o vatapá.

Quitute: iguaria saborosa, de gosto delicado, atraindo o paladar. Debatem os filólogos se é originário da Guiné ou de Angola.

Quizibu: milho verde, quiabos verdes, torresmos, cozidos até a consistência de papa. Come-se com carne de sol, passada nas brasas, ou com o peixe xangô, pescado marítimo da Bahia.

Quizuqui: cuscuz de milho entre verde e seco. Come-se com manteiga ou com feijoada. "Quizubi" em Angola é um guisado de carne previamente assada, com farinha de mandioca e jindungo (pimenta).

Sabongo: doce de coco seco ou de mamão verde, ralado e fervido no mel de rapadura ou de furo. Sambongo, currumbá. Beaurepaire-Rohan registra como pernambucano mas é também popular na Paraíba e Rio Grande do Norte. Criticando as predileções alimentares de seus contemporâneos no Recife, o padre Miguel do Sacramento Lopes Gama escrevia em fevereiro de 1838: "Desprezará arroz de leite para comer sabongo (que dizem ser mel com coco)". Há em Angola um arbusto com esse nome.

Uado: comida feita com pipocas em pó, azeite de dendê e açúcar.

Vatapá: A glória da culinária baiana. "A mais prodigiosa invenção do gênio da Bahia... Para a glória do Brasil o vatapá bastava", afirma Constâncio Alves. "O vatapá se impõe à atenção universal", diz o Dr. L. Pereira Barreto. Prato invariavelmente oferecido na Bahia aos visitantes e servido aos hóspedes por todas as famílias baianas domiciliadas noutras paragens do Brasil. A Bahia é a "Terra do Vatapá". Há dezenas de receitas em livros impressos, estudos, velhos cadernos ciumentamente guardados. Registro a receita legítima, gentilmente revelada por D. Maria da Conceição Negreiros Falcão Bezerra, de tradicional família baiana, senhora Prof. Heriberto Bezerra, da Faculdade de Medicina na Universidade do Rio Grande do Norte: "Ingredientes: Pão dormido. Farinha de trigo ou farinha de mesa. Bacalhau (escaldado). Galinha ou peixe (cozidos em água e sal). Camarões secos, castanhas, amendoins e um pedacinho de gengibre. Pimenta, uma colher de sopa de azeite doce (para neutralizar o dendê). Azeite de dendê, o quanto baste, leite fino e grosso de coco; sal a gosto; um galhinho de coentro, cebola e tomate.

Peixe, bacalhau ou galinha são postos na panela em pedaços grandes. Passa-se na máquina ou no liquidificador, os camarões e todos os temperos, inclusive castanhas, amendoins, gengibre, pimenta.

Desmancha-se com água, ou leite fino de coco, meio quilo de farinha de trigo ou pão inchado, passado na peneira. Tira-se o bagaço do coco e espreme-se o leite grosso, deixando-o à parte. Bota-se água no bagaço e vai-se espremendo e botando água na massa do vatapá. Põe-se o sal (pouco). Põe-se a panela no fogo brando, mexendo sem parar, para não embolar. Em seguida, o azeite doce, o dendê

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