Onde o algarismo mantém seu misterioso prestígio é no número de convidados para refeições. Treze pessoas à mesa é um acontecimento desagradável.
O ministro Oliveira Lima contou-me que, num jantar íntimo em Bruxelas, um dos convivas saiu à procura de amigo para evitar o 13 ameaçador, enquanto os doze diplomatas esperavam, pacientes e compreensivos. Várias vezes tenho assistido a essa repulsa na Europa, por vezes obrigando um comensal a servir-se em mesa separada. Treze pessoas na mesma refeição determinarão infelicidade para o anfitrião, sua família ou algum convidado. Dentro de um ano morrerá um deles. Morrerá o primeiro que deixar a mesa ou o último a levantar-se. O mais velho ou o mais moço. A explicação clássica é constituir uma tradição da "Ceia Larga", na Quinta-Feira Maior, em que Jesus Cristo reuniu os doze discípulos para a Páscoa, fazendo a derradeira, refeição comum. Eram treze à mesa. Judas de Iscariotes, o traidor, foi o primeiro a deixar os companheiros e retirar-se (João, XIII, 30).
E suicidou-se (Mateus, XXVII, 5). Morreu antes do Mestre.
Daí em diante, numa viva recordação da tragédia divina, treze pessoas à mesa evocam o destino inevitável da Morte, atraindo o infortúnio.
Os cristãos tiveram o cuidado de evitar a repetição que lembrava o doloroso evento. Criaram a devoção das trezenas, treze dias de orações, dedicadas notadamente a Santo Antônio de Lisboa, falecido a 13 de junho de 1231.
Leonardo Mota(166) Nota do Autor transcreveu os versos do nonagenário Matias Carneiro, de Limoeiro, dando suas preferências gastronômicas e estéticas.
"Do açude a curimatã,
(Diz os filhos da Candinha),
Do campo a vaca maninha,
Feita um frito, de manhã,
Das aves a maracanã,
Do home a mulher bonita,
Do enfeite o laço de fita,
Da môça, bonita o beijo,
Do alto sertão o queijo,
Do milho verde a canjica.