História da alimentação no Brasil – 2º volume: sociologia da alimentação

Bromar: estragar-se, transformar-se inferiormente. Piorar em vez de melhorar. Degenerar. Involuir. "Ia ser um rapaz culto mas bromou." Estado do açúcar que não atinge a cristalização, dando apenas qualidade inferior, o mascavado. Diz-se que o açúcar "bromou".

Bucho: o mesmo que "bofe". Édison Carneiro(229) Nota do Autor informa na Bahia: "Bucheiro, homem que tem predileção por mulheres feias. Buchada, grupo de mulheres feias."

Cachaça: vício, mania, hábito, predileção. "A cachaça dele é a política"(*) Nota do Autor.

Café pequeno: facilidade, proveito imediato, sucesso obtido sem custo. "Foi café pequeno."

Caldo: (**) Nota do Autor.

Cana-de-açúcar descascada: pedaço de cana descascada, sorte inesperada, ensejo favorável, favor espontâneo. "Ia a pé mas peguei uma carona num automóvel, pedaço de cana descascada."

Canja: idêntico ao "café pequeno". Êxito sem custo. "É ou foi canja". "Na canja", vida boa.

Carne-seca: passadismo; costumes antiquados; avarice, economia exagerada; velho ranzinza, teimoso.

Catolés: seios adolescentes. "Anda mostrando os catolés na rua."

Cebola: interjeição de protesto, negativa ou desdém: "Cebolas! Cebolinha! Cebolório!" Velhos relógios de bolso, de prata maciça, dos antigos modelos. "Cebolão", relógio maior, de algibeira. No elemento feminino, as sexualmente exaltadas, de fácil excitação amorosa, são acusadas de ter a "cebola quente".

Chá: gosto, requinte, retoque essencial, característica mais apreciada. "O chá é mandar chumbar um dente a ouro e pôr uma "coroa" na frente", Cornélio Pires(169) Nota do Autor. "Aí é que está o chá!", J. M. Cardoso de Oliveira(148) Nota do Autor. No interior de São Paulo "servir de chá" é ser objeto de zombaria. Não dar um chá, não ter importância, pouca vantagem, sem resistência, desvalorizado. "Não tomou chá em criança", não ter modos, educação, maneiras.

Cocada: bofetão, tapa, cocorote, murro na cabeça ou na face. Derriço, faceirice, prosa fiada, elogio fácil(108) Nota do Autor. Ferida na cabeça. "Fazer cocada", chamego, libidinagem, namoro grudado. Na Bahia, correio entre namorados ou amantes(229) Nota do Autor.

Coirana: coerana, coerana, Cestrum leviegatum Schl., uma solanácea, extremamente amarga e picante. "A coerana, já esteve muito em voga, quando o seu nome significava o mesmo que atualmente quer dizer a palavra "roedeira", isto é: ciúmes, ciumadas, amores contrariados, pretensões não cabíveis entre namorados, despeito, etc." escreve Getúlio César(245): Nota do Autor

"Se coerana se vendesse,

Uma folha era um tostão;

Eu bem sei quem tá "roendo"

Mas não dá demonstração."

"Roer coirana" é estar ciumado. Altera-se para courama, "roer courama", "roer um couro", na mesma intenção.

Colher: facilidade imediata, vantagem obtida sem demora. "Foi ou é de colher".

História da alimentação no Brasil – 2º volume: sociologia da alimentação - Página 505 - Thumb Visualização
Formato
Texto