Molho: "de molho", em observação, na espera; sem confiança; em prova.
Moqueca: "estar de moqueca", encolhido, arredado. Adoentado. Fora da circulação.
Ova: negativa peremptória. "Uma ova!" De modo algum! Não e não!
Ovo: coisa repleta, cheia, completa. "A sala ficou um ovo". A princesa D. Isabel Maria, Regente do Reino, 1820-1828, dizia: "Portugal é um ovo, pequenino mas cheio!"
Paçoca: misturada, confusão de coisas amarfanhadas, fitas, rendas, panos revolvidos(230) Nota do Autor. "Seco na paçoca", destemido, forte, resistente; interior de São Paulo(231) Nota do Autor.
Paio: pagador crédulo, bonachão, mãos-rotas, o "coronel". "Pague o paio e bata o bombo!" Comida gostosa e farta.
Pamonha: desprovido de iniciativa, parvalhão, submisso; lerdo, pesadão. Pamonhice no Maranhão(108) Nota do Autor. Escrevendo do Rio de Janeiro para Lisboa, informava o português João Loureiro, outubro de 1835: "Este Império dá cuidado pelo estado convulso do Norte e Sul, e pelas desarmonias pessoais e intrigas do centro; mas tudo segue com esperanças no Novo Regente, que "não he pamonha" (adivinhe o significado desta palavra) e he homem de mãos limpas e de constância". O Novo Regente era o padre Diogo Feijó.
Panelinha: minoria influente, unida, decisiva, dominadora.
Panqueca: frito de ovos, manteiga, açúcar, canela. Vida descuidada, despreocupada, indiferente e farta. "Está na panqueca". "Vadiação regalada, boa vida", anota Amadeu Amaral(230) Nota do Autor.
Pão pão, queijo queijo: razões últimas e lógicas. Equivalência justa. Elas por elas. Referências ao farnel suficiente de trabalho e jornada em Portugal.
Pão com dois pedaços: máximo proveito; facilidade absoluta; êxito.
Pão doido: amalucado; leviano, inconsequente; recadeiro de políticos ou namorados. Dedicação às causas fúteis ou reprováveis. Pão doido é o pão assado sem miolo.
Pão dormido: pão da véspera, sobrado. Pobre em roda de ricos. Recursos limitados. O senador Nilo Peçanha dizia ter sido criado com paçoca e pão dormido(118) Nota do Autor.
Pão-duro: avarento, cauira, usurário. Defensor de costumes mortos. Modelo do mau gosto antigo. Mendigo rico, falso pobre.
Papangu: homem ridículo, sem compostura, tolo. Papangu era o farricoco, mascarado que afastava a chicote os curiosos atrapalhadores na procissão de Cinzas no Recife, Olinda, e noutras cidades nordestinas. No Recife desapareceu à volta de 1831 mas em Natal veio até depois de 1870. Pessoa grotesca pelas feições ou traje. Houve no Recife, 1840, um jornalzinho com esse nome, o Papa-Angu.
Papa-arroz: o natural do Maranhão.
Papa-couve: o do Catumbi, Guanabara(47) Nota do Autor.
Papa-goiaba: O fluminense, natural da província do Rio de Janeiro.
Papa-jerimum: o natural do Rio Grande do Norte.
Papa-mamão: o natural de Olinda, Pernambuco.
Papinha: negócio vantajoso sem labuta; namoro farto; recompensa sem merecimento. "Estar ou viver na papinha", tratado esplendidamente e sem retribuição. "Papinha e de colher", fartura e agrado.
Papo: arrogante, ameaçador, mandão. Falar "de papo grosso" ou "de papo cheio". "Garganta." Falastrão. "Está no papo", coisa resolvida, possuída, questão liquidada.