(98) Sobre o piqui, escreve Renato Braga (75): "A polpa e a amêndoa são altamente nutritivas. Constituem precioso recurso alimentar para a gente pobre do Cariri e sertões vizinhos de Pernambuco e Piauí. Ao tempo da safra, entre dezembro e abril, centenas de pessoas sobem à chapada da Serra do Araripe e, abrigadas à sombra dos pequizeiros carregados de frutos, passam a viver dos mesmos e, em pouco tempo, ficam fortes, robustas e coradas, atestando desse modo o valor dietético do piqui. A colheita acarreta animado comércio entre o chapadão e as planícies circunvizinhas, apreciadoras do fruto como alimento e tempero. Come-se a polpa crua, cozida ou assada. Substitui perfeitamente a banha ou o toucinho e dá aos alimentos sabor e cheiro especiais. As amêndoas são consumidas da mesma maneira. O óleo extraído da polpa e da amêndoa, especialmente este último, equipara-se ao de fígado de bacalhau, substituindo-o no tratamento das infecções bronco-pulmonares e tomando parte em diversos preparados farmacêuticos. Os fazendeiros o aplicam nos cortes, contusões, peladuras e inchaços dos animais".
(99) Yara Barbosa NAVAS, "Culinária tradicional goiana", em A Gazeta, São Paulo, 26 de maio de 1962. Seção Folclore, dirigida pelo prof. Rossini Tavares de Lima.
(100) F. A. Pereira da COSTA, Vocabulário pernambucano. Separata do vol. XXXIV da Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Recife, 1937.
(101) Joham Gregor ALDENBURGK, Relação da conquista e perda da cidade do Salvador pelos holandeses em 1624-1625. Tradução de Alfredo de Carvalho e Agrippino Martins. Introdução e notas de Edgard de Cerqueira Falcão. MCMLXI.
(102) Luis da Camara CASCUDO, Informação de História e Etnografia. Avifauna no folclore brasileiro. Recife, 1940.
(103) Augusto de SAINT-HILAIRE, Segunda viagem ao Interior do Brasil. Espírito Santo. Brasiliana, 72. São Paulo, 1936.
(104) Luis da Camara CASCUDO, Dicionário do Folclore Brasileiro, verbetes: formigas, saúvas, tanajuras. Instituto Nacional do Livro, dois tomos, Rio de Janeiro, 1962.
(105) Padre Ivo d'EVREUX, Viagem ao Norte do Brasil. Tradução do Dr. Cesar Augusto Marques. Rio de Janeiro, 1929.
(106) Sopa ou potagem à francesa: "Para se fazer sopas, ou potagem à Franceza, ponhão-se a affogar em huma tigella grande dous pombos, duas perdizes, huma ade (tudo inteiro) hum coelho em ametades, huma gallinha em quartos, hum chouriço, huma posta de prezunto, hum arratel de toucinho picado, seus cheiros, meia duzia de olhos de alface, ou de chicória, ou de couve murciana, todas as espécies inteiras, só a pimenta pizada, e huma capella mui grande de cheiros; e como tudo estiver cozido, e temperado do sal, e dos mais adubos pretos, que lhe faltarem, ponhão-se dous paens em hum prato, ou palangana feitos em sopas, e molhados com o caldo, ponhão-se a abuberar sobre a mesma tigella; quando se quizer mandar á meza, vá-se pondo por cima das sopas toda a carne pessa por pessa, e sejam guarnecidas com olhos de alface, ou de chicoria (tudo muito bem consertado) como çumo de limão por cima: e assim irá a meza. Esta potagem he boa pára merendas, guarnecida com fígados de gallinha"; Arte de Cozinha, Domingos RODRIGUES - Mestre da Cozinha de Sua Majestade. Na Impressão Régia. Lisboa, 1814.