(126) O sarapatel foi feito em 11 de abril de 1963 na ilha de Moçambique, residência de D. Maria Pia Monteiro Coelho, por empregadas indianas, anotado pela senhorita Maria da Graça Marreiros Netto Rodrigues. A todas os meus agradecimentos, especialmente ao Sr. Anibal dos Reis Hipólito, gerente do Banco Nacional Ultramarino, promotor do feito. O sarapatel indiano tem o mesmo sabor do brasileiro, apenas um tanto mais ácido pelo tamarindo, Tamarindus indica Linneu e a inevitável pimenta.
(127) "A sua alimentação é constituída principalmente por banana-pão, dendê, farinha-de-pau, peixe seco, etc. O óleo de dendê tem uma cor de gema de ovo, é muito rico em princípios nutritivos, e é tal a abundância e a frequência com que é misturado na comida do indígena que este apresenta os seus tecidos adiposos impregnados da sua cor, e até o próprio fígado fica amarelo. Em várias autópsias, que tivemos de fazer, verificamos que o tecido adiposo subcutâneo apresentava uma bela cor amarelo carregado, muito diferente da cor amarelo-clara e chocolate do tecido adiposo nos Europeus. Não encontrei publicada qualquer referência a tal fato." Antônio J. de Liz FERREIRA, Alfredo ATHAYDE e Hugo de MAGALHÃES, Gorilas do Maiombe português. Lisboa, MCMXLV.
(128) Eduardo dos SANTOS, Contribuição para o estudo das pictografias e ideogramas dos Quiocos. Estudos sobre a Etnologia do Ultramar Português, volume II, Lisboa, 1961.
(129) Guilherme Piso, História Natural e Médica da Índia Ocidental. Trad. de Mário Lôbo Leal. Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro, 1957. A primeira edição, em latim, De Indiae Utriusque re naturali et Medica, Amsterdã, 1658. Piso, que era médico, viveu em Pernambuco de 1637 a 1644.
(130) Jorge MARCGRAVE, História Natural do Brasil. Trad. de Mons. Dr. José Procópio de Magalhães. Imprensa Oficial do Estado. São Paulo, MCMXLII. Maregrave residiu em Pernambuco de 1638 a 1644.
(131) André THEVET, Les singularités de la France Antarctique. Avec notes et commentaires par Paul Gaffarel. Paris, 1878.
(132) Joseph de ANCHIETA, Cartas. Informações, Fragmentos Históricos e Sermões (1554-1594). Publicações da Academia Brasileira. Rio de Janeiro, 1933.
(133) Maria do MINHO, Doces portugueses. Prefácio de P. L. (Fernando de Castro Pires de Lima). Portucalense Editora. Porto, 1944.
(134) Receita da famosa "Morcela de Arouca", sem carne e sem sangue. Típica em Portugal: "Açúcar em ponto de cabelo, 2.500 gramas; amêndoas raladas, mil gramas; canela em pó, dez gramas; cravinho-da-índia em pó, duas pitadinhas; manteiga derretida, 500 gramas; pão ralado peneirado, mil gramas. Depois do açúcar estar no ponto, deita-se a amêndoa, a canela e o cravo; deixa-se levantar fervura e junta-se a manteiga e a seguir o pão ralado. Mexe-se bem para ligar tudo, abafa-se por algum tempo, e depois enchem-se as tripas secas; mas não muito cheias. Metem-se em seguida em água a ferver por um momento até intumescerem sem rebentar. Tiram-se e põem-se num tabuleiro a enxugar; depois enfiam-se em umas canas e penduram-se estas. N. B. - Depois de se ter deitado a amêndoa, canela, etc., e levantando fervura, tira-se o tacho do lume, e depois é que se deita a manteiga e o pão ralado. Deixa-se ficar até arrefecer um bom bocado e então é que se enchem as tripas".
O outro tipo de morcela, também de Arouca, o mais divulgado: "Lombo de porco, fresco, gordo, mil; pão ralado, 1.500 gramas; açúcar, dois mil; amêndoas doces descascadas e peladas, 250 gramas; cravinho-da-índia, quanto baste; canela em pó, quanto baste. Corta-se o lombo do porco aos pedaços e deita-se em água fervente, que o cubra, numa panela tapada e deixa-se cozer em lume brando até que a carne quase se desfaça. Na panela tem-se deitado, metidos numa esfera de rede alguns cravos-da-índia. Despeja-se depois a panela sobre um passador e a carne lança-se sobre o pão ralado juntamente com a gordura que se tirar do caldo que passar através do passador. Põe-se ao lume açúcar com metade do seu peso de água e, depois de estar limpo e em ponto de espadana larga, mistura-se com a amêndoa perfeitamente pisada e um pouco de canela em pó, e lança-se sobre a mistura do lombo cozido e pão ralado. Liga-se tudo muito bem, junta-se alguma banha de porco se a gordura apurada for pouca, e enchem-se com esta mistura tripas de porco ou de vitela, que devem ter um diâmetro de cerca de quatro centímetros e ficar com o comprimento de 12 centímetros aproximadamente para cada morcela. Comem-se quentes, frigindo-se em manteiga ou banha de porco, assim como as alheiras. Pode pisar-se a carne num almofariz para maior perfeição", Emmanuel RIBEIRO (62).