(173) Colonel Léon PALES, L'alimentation en A. O. F. Milieux, Enquetes. Techniques. Rations. Mission Anthropologique de l'Afrique Occidental Française. O. R. A. N. A. Dakar, 1954.
(174) Joan NIEUHOF, Memorável viagem marítima e terrestre ao Brasil. Traduzido do inglês por Moacir N. Vasconcelos. Confronto com a edição holandesa de 1682, introdução, notas, crítica bibliográfica e bibliografia por José Honório Rodrigues. Livraria Martins. São Paulo. 1942.
(175) José CALASANS, Cachaça, môça branca. Um estudo de Folclore. Livraria Progresso Editora. Cidade do Salvador. Bahia, 1951. 2.ª edição. A primeira é da mesma data e local, Publicações do Museu do Estado, n.° 13.
(176) Rui BARBOSA, Tribuna parlamentar, III. Edição da Casa Rui Barbosa. Rio de Janeiro, 1955.
(177) Ivo de CERQUEIRA, Vida social indígena na Colônia de Angola, Lisboa, 1947.
(178) M. P. VIDEIRA, Monografia de paços de Arcos. Caxias, 1947.
(179) Wanderley PINHO, Salões e damas do segundo reinado. Livraria Martins Editora. São Paulo, 1942.
(180) José Maria da Silva PARANHOS, Cartas ao amigo ausente. Edição organizada e prefaciada por José Honório Rodrigues. Ministério das Relações Exteriores. Instituto Rio Branco. Rio de Janeiro, 1953.
(181) Luís EDMUNDO, O Rio de Janeiro do meu tempo. Três tomos. Imprensa Nacional. Rio de Janeiro, 1938.
(182) Fernando SÃO PAULO, Linguagem médica popular no Brasil. Dois tomos. Rio de Janeiro, 1936.
(183) Desejo. Vontade que a mulher grávida terá de comer alguma cousa difícil ou fácil, fruta fora da época, peixe, quando não os há; fazer determinadas ações. Não satisfazendo o desejo, a mulher perde a barriga, abortando, e o feto fica com a boca aberta, denunciando a insatisfação quê o matou. Fernando SÃO PAULO (Linguagem médica popular no Brasil, 1.295) registrou: "Desejo, malacia, pica, dejejo, dijejo. Grande é a importância concedida ao apetite pervertido das mulheres grávidas, da histérica, da clorótica. O máximo respeito merece o desejo da gestante, o qual, ordinariamente, é satisfeito".
O costume é universal e um velho "romance" popular, o de Dona Aldonça, alude à tradição:
"Ai, dizei-me, ó Valdivinos,
Que levas na aba da capa?
- Amêndoas verdes, meu tio,
Desejo de uma pejada."
No Panchatantra (liv. IV, 284, ed. Bolufer Madri, 1922) lê-se: "es que ésa, como si fuera mujer preñada, tiene ahora deseos de comerse tu corazon". Na Índia diz-se Dohada, e constitui tradição imemorial, com exigências e ritos especiais. O Prof. BLOOMFIELD estudou, "The Dohada or Craving of the Pregnant Woman", Journ. Amer. Orient., vol. IX, 1-2, 1920, e o Prof. N. M. PENZER comentou eruditamente reunindo documentação exaustiva, On the Dohada or Craving of the Pregnant Woman, as a Motif in Hindu Fiction, The Occan of Story, I, 221-228, Londres, 1924. Paul de SAINT-VICTOR, Hommes et dieux, 208-209, ed. Calmann-Lévy, Paris, s. d., informa um delicioso episódio na corte do Rei Carlos II (1661-1700) de Espanha. Não podendo mais tolerar a duquesa de Terra Nova, camareira-mor, a rainha Marie-Louise d'Orleans deu-lhe duas sonoras bofetadas. A camareira, neta de Fernando Cortez, queixou-se ao Rei, acompanhada por quatrocentas damas de sua família. O Rei foi ouvir a mulher. Essa limitou-se a dizer: "Señor, esto es un antojo"! Carlos II, radiante, autorizou-a a dar mais duas dúzias de bofetadas na Duquesa de Terra Nova, e explicou a esta: "Cailla os, estas bofetadas son hijos del antojo!" "Or, les envies de la grossesse avaient force de loi en Espagne. Lorsqu'une femme enceinte, fusse une paysanne désirait voir le roi, il se mettâit au balcon pour la satisfaire", Dicionário do Folclore Brasileiro, I, 275-276. Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro, 1962.