História da alimentação no Brasil – 2º volume: sociologia da alimentação

Sociologia da alimentação

"Il y a un bon et un mauvais goût, et l'on discute des goûts avec fondement." - La Bruyère

"Occide, et manduca." - Atos dos Apóstolos, X, 13.

Obrigatoriamente, uma sociologia da alimentação decorre como princípio lógico dos próprios fundamentos do fato social. Nenhuma outra atividade será tão permanente na história humana. Qualquer concepção do conjunto social no plano econômico ou metafísico, implica necessariamente o desenvolvimento dos processos aquisitivos da alimentação. Caça, pesca, a técnica das primeiras armadilhas neolíticas, barragens, cercos, acosso, envenenamento, conservação e transporte de víveres, determinam os primeiros atos refletivos da inteligência humana. O disfarce, a simulação, o troféu, o bailado, a pintura e gravação rupestres, a representação animal, a imitação das vozes e dos rumores das bestas ariscas, esculturas, a emboscada, não foram fórmulas propiciatórias para a captura de alimentos? A arte pré-histórica é apenas um documentário plástico da conquista alimentar. Magia, canto, dança de roda, valem manobras para dominar a indispensável alimentação quando em estado natural, correndo, voando, nadando.

Goethe fala que no princípio foi a ação. No princípio foi a fome. Ação é uma consequência e não faculdade agente. Ação é reflexo condicionável. Depois da respiração, a primeira determinante vital é o alimento. O imperativo da reprodução aparece muito depois, quando a nutrição desenvolveu os órgãos funcionais.

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