O fardo do homem branco. Southey, historiador do Brasil. Com um estudo dos valores ideológicos do império do comércio livre

estimulando o convívio, a vizinhança cordial, as comunicações do interior com o litoral e a integração da colônia na moderna civilização ocidental.

É otimista com relação à vinda da corte portuguesa para o Rio e a fundação do novo império. Atribui ao Estado português a missão modernizadora necessária para ajustar o país aos benefícios civilizadores do comércio inglês. Sob a iniciativa estatal, reformas administrativas e judiciárias viriam garantir a coesão social e o progresso. Southey termina a sua obra com a vinda da corte e a abertura dos portos, vislumbrando perspectivas de reforma, progresso e regeneração, a serem propiciadas pelo comércio inglês. As fábricas de algodão, que contaminavam e corroíam a sociedade na Inglaterra, contribuíam paradoxalmente para a regeneração dos sertões dos trópicos brasileiros(9) Nota do Autor. Era o seu modo de reconciliar-se com a sociedade em que vivia. Pessimista e cético a respeito das perspectivas que oferecia o capitalismo industrial na Inglaterra, ainda assim apegava-se ao messianismo cultural que justificaria a expansão do império do comércio livre e que identificava o predomínio internacional da Inglaterra no processo universal de aperfeiçoamento da condição humana...

As ideias de Southey sobre a formação da nacionalidade brasileira, ao mesmo tempo em que espelhavam a ideologia conservadora peculiar ao ambiente atribulado da Inglaterra pré-vitoriana, vinham ao encontro da política contemporânea de influência inglesa na consolidação do novo império português. Refletiam as correntes de opinião mais conservadoras sobre a política inglesa com relação a Portugal e ao Brasil contemporâneo e a relutância manifestada na Inglaterra por setores ultra tories em reconhecer o novo Império, em virtude do princípio de respeito a compromissos tradicionais com a metrópole portuguesa(10) Nota do Autor. Esta atitude teria sua contrapartida no interesse dos próprios ingleses em manter o Brasil unido. Motivo pelo qual Canning teria reservas e dúvidas sobre o modo de impor a extinção do tráfico: parecia-lhe perigoso reclamar, à força, uma medida que poderia redundar na destruição da unidade e da própria continuação do novo império, ameaçando sua sobrevivência. "Não se impõe a moral com baionetas"(11) Nota do Autor.

O fardo do homem branco. Southey, historiador do Brasil. Com um estudo dos valores ideológicos do império do comércio livre - Página 30 - Thumb Visualização
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