O fardo do homem branco. Southey, historiador do Brasil. Com um estudo dos valores ideológicos do império do comércio livre

Abreu, Sílvio Romero e Euclides da Cunha arraigariam na historiografia nacional.

Geoffrey Carnall dedicou amplo e pormenorizado estudo à evolução das ideias políticas de Southey. Qualquer indivíduo é sempre impregnado de incoerências, não sendo jamais suficientemente autônomo para tomar posição lógica e coerente ante os grandes temas de seu tempo. Reflete-os em grande parte e é arrastado pelas contingências do meio em que vive. No caso de Southey, ilustrado e romântico, assomam todas as ambiguidades inerentes aos valores ideológicos. Neste livro, procuramos integrar o homem em sua época, ignorando, em parte, motivos, influências e contingências pessoais, sempre aleatórios, e voltamos a atenção sobretudo para aqueles aspectos de seu tempo que o escritor vislumbrou, que contribuiu para definir ou refletiu em sua obra sobre o Brasil.

Jornalista e escritor profissional, dependendo da pena para o ganha-pão diário, Robert Southey viveu de início o drama da perda da criatividade e o destino de poeta frustrado. Traumatizado e politizado pela experiência da Revolução francesa, que marcou o entusiasmo jacobino de sua juventude, em meio à repressão desencadeada em 1793 pela primeira fase da guerra contra a França, e muito consciente, como todos os homens de letras da sua geração, de uma missão especial do intelectual como orientador e guia da sociedade moderna, era homem profundamente preocupado com as questões políticas e sociais de sua época, sobre as quais escrevia para os periódicos e em torno das quais, como se depreende de suas cartas, vivia o seu equilíbrio pessoal.

Em 1796, ainda achava possível reformular todas as bases da sociedade, criar uma sociedade inteiramente nova. Tinha o pensamento polarizado por visões utópicas(17) Nota do Autor. Southey começou a vida fascinado por comunidades ideais, voltado para o vir a ser, obcecado por novos mundos; quis emigrar para os Estados Unidos e fundar uma comunidade utópica na Pennsylvania, a qual se chamaria "pantissocracia"(18) Nota do Autor; ocupou-se de outros povos e de

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