O fardo do homem branco. Southey, historiador do Brasil. Com um estudo dos valores ideológicos do império do comércio livre

que opunha ao progresso falso e ilusório da prosperidade material. Em 1810, ano da publicação do primeiro volume da História do Brasil, oficializava sua adesão aos tories(24) Nota do Autor.

O seu moralismo intransigente, o fato de ter aceito em 1813 o cargo de poeta oficial, tornou-o figura vulnerável em sua época, e muito criticada nas histórias da literatura inglesa. Suas divergências com Byron, os desentendimentos com Coleridge, seu cunhado, as brigas com Shelley, somados à mediocridade de sua obra poética, marcaram-lhe definitivamente a reputação para a posteridade. A adesão aos tories cimentaria sua fama de radical apóstata. Tamanhas controvérsias marcaram sua carreira de escritor, que se tornou difícil apreciar-lhe mais objetivamente a figura como homem de seu tempo, na medida em que mesmo seus ensaios de natureza política e social, escritos para a Quarterly Review, não refletiriam claramente as suas próprias opiniões. Eram frequentes, em sua correspondência, queixas contra os editores da Quarterly, que torciam e modificavam o que escrevia, quando fugia aos padrões de militância política da revista. Cortavam trechos em que expressava convicções religiosas pouco ortodoxas(25) Nota do Autor; dosavam suas ideias sobre escravidão e abolição gradual(26) Nota do Autor. As concessões impostas pelas contingências do ganha-pão marcaram-no como figura mais reacionária, mais diretamente presa de interesses imediatistas, do que o era na verdade. Via-se às vezes compelido a escrever panfletos que não refletiam suas opiniões(27) Nota do Autor. De onde a surpresa salutar, manifestada por homens como Shelley(28) Nota do Autor e John Stuart Mill, que o visitaram em sua casa, em Keswick, no refúgio dos lagos onde vivia(29) Nota do Autor.

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