É vasta a bibliografia sobre Robert Southey. Nos últimos anos, com a publicação de mais dois volumes de sua correspondência(30) Nota do Autor tem-se dado maior ênfase ao estudo do prosador do que ao do poeta; menos ao do apóstata tory do que ao do reformador social(31) Nota do Autor. Tentava, em aberta oposição ao liberalismo de sua época, conciliar o ideal racionalista de perfectibilidade da natureza humana, o igualitarismo dos autores de sua juventude, como William Godwin, com a visão coletivista e corporativa do Estado e da Igreja anglicana, a que se apegou depois. Foi o que o levou, juntamente com a ala mais progressista dos conservadores ingleses, a preocupar-se vivamente com a sorte dos artesãos e com a injustiça social; a apaixonar-se pelo socialismo utópico e paternalista de William Owen; a visitar sua comunidade-modelo de Nova Lanark; a atribuir seu malogro apenas à falta de uma fundamentação religiosa(32) Nota do Autor e a dedicar tantas páginas às comunidades teocráticas dos jesuítas no Paraguai.
Obcecava-o o problema da integração das massas marginalizadas no corpo social, fossem estas de artesãos desvinculados da terra, ou de negros, libertos e selvagens nas colônias(33) Nota do Autor. Foi o que o levou a propor para a sociedade inglesa a substituição das leis de assistência estatal aos pobres por um programa intensivo de escolas de educação gratuita(34) Nota do Autor; a lutar por uma legislação trabalhista, em 1818(35) Nota do Autor; a fomentar o movimento de associações de missionários na África, na Índia e na América; e, no caso do Brasil, a exaltar o papel dos jesuítas como colonizadores; a ter fé na fundação de um império contrarrevolucionário, nos moldes do reformismo ilustrado de Pombal, onde o despotismo poderia ser corrigido com a volta às tradições aristocráticas das antigas