O fardo do homem branco. Southey, historiador do Brasil. Com um estudo dos valores ideológicos do império do comércio livre

e da burocracia oficial(49) Nota do Autor. Argumentos de poder nacional eram estranhos e mesmo avessos às teorias contemporâneas da economia política, para a qual não pareceria necessário governar um povo, a fim de vender produtos e comerciar com eles(50) Nota do Autor. Procurariam os economistas clássicos raciocinar em termos universais; eram cosmopolitas, pretendiam construir uma ciência. Para Southey era notória, desde Adam Smith, a tendência da moderna economia política a tudo desnacionalizar(51) Nota do Autor. Nacionalista ferrenho, opunha-se frontalmente ao internacionalismo, ao cosmopolitismo do comércio livre. Semelhante tendência havia de difundir-se com a relativa segurança das décadas posteriores a 1820 e à Pax Britannica, quando inspirou campanhas pacifistas, tornando temporariamente obsoleto o modelo da política internacional da época de Southey, relativa ao equilíbrio de poder do continente, pelo menos até a corrida para a África dos fins do século passado(52) Nota do Autor.

Torna-se difícil integrar num contexto ideológico preciso, tendências difusas como esta, própria da agressividade imperialista dos ingleses nas primeiras décadas do século XIX. Não se tratava propriamente de uma política coerente e teoricamente sustentada em argumentos sistemáticos. Indivíduos das mais diversas opiniões políticas e grupos sociais partilhariam sentimentos de ufanismo e agressividade nacionalista; seria o caso de um whig progressista como Macaulay, de um romântico alienado como De Quincey, de um Carlyle e mesmo de radicais utilitaristas como Bentham(53) Nota do Autor.

Para Southey e seus contemporâneos em geral, era ponto pacífico a ineficiência econômica do império, mormente com a administração antiquada, que subsistia sob a forma de monopólios, de exclusivismo comercial, de antigos sistemas fiscais e das leis da navegação. Note-se, entretanto, que Adam Smith, Ricardo e John Stuart Mill também distinguiam entre interesses econômicos e políticos, e aceitavam, ou até mesmo advogavam, como fariam Bentham e James Mill, a necessidade política de manter o império, como questão de prestígio e poder, assim como para servir de válvula de escape para o excesso de população(54) Nota do Autor. As

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