colônias ofereciam vasto campo para projetos filantrópicos e reformas humanitárias. Seria o modo de os radicais raciocinarem sobre a Inglaterra. Estudos recentes demonstram como os próprios radicais utilitaristas apegavam-se à tendência de expansão colonial. Não seria, pois, exato afirmar que as primeiras décadas do século XIX se caracterizariam pela apologia da descolonização. Tratava-se mais especificamente da reformulação da antiga política imperial, agora baseada em princípios novos. O zelo cosmopolita e humanitário do reformador social confundia-se com o seu nacionalismo, levando-o à conclusão de que, "sendo o poder político uma fatalidade na vida dos povos, seria afinal melhor se este controle estivesse nas mãos dos próprios ingleses".
Somente a persistência do mito da tradição liberal tornaria surpreendentes panfletos e discursos enfatizando a missão imperial e uma política necessária de poder, nas primeiras décadas do século XIX. Este mesmo expansionismo defensivo seria levado a cabo por políticos liberais como Palmerston e John Russell, os quais, entre 1841 e 1851, anexariam aos domínios britânicos a Nova Zelândia, a Costa do Ouro, Ladoan, Natal, o Punjab, Sindh e Hong Kong(55) Nota do Autor.
Entre 1785 e 1815, apesar de críticas e de argumentos opostos, consumar-se-iam a expansão e a consolidação de um novo império britânico. A falta de uma coerência ideológica levaria Sir John Seely a dizer que este segundo império "fora adquirido por distração"(56) Nota do Autor. Seja como for, o lema liberal da Inglaterra pequena e autônoma nunca chegou a penetrar profundamente nenhum dos diferentes grupos que orientaram a política inglesa durante este período. Em 1848, observava Cobden que as classes médias pareciam tão aferradas às colônias como os antigos aristocratas(57) Nota do Autor. Este seria simultaneamente um período de reformulação da administração colonial e das teorias políticas e econômicas relativas à nacionalidade e ao império. Nesse cadinho de ideias, sentimentos e valores em transformação é que se integra o pensamento de Robert Southey, que seria precursor e pioneiro, ao levantar problemas e discutir aspectos da política colonial que os reformadores do império ajustariam nas décadas de 1830 e 1840.