dos homens da época(33) Nota do Autor. O medo de perder a criatividade e a imaginação poética era obsessivo em Coleridge; seria o tema do Prelúdio de Wordsworth e a triste realidade da existência de Southey como poeta frustrado.
Revistas e editores exigiam ensaios. O ganha-pão forçava a proliferação de bons prosadores, mas não propriamente de autores de livros, resenhadores, romancistas e poetas afeitos ao gosto do grande público e não propriamente artistas criadores. Antes da lei do copyright(34) Nota do Autor, que deu ao escritor o direito de dispor do que escrevia, havia vínculos de dependência e proteção entre o escritor e seus patrões, que os românticos lembravam com nostalgia. A identificação do artista com o meio restrito a que pertencia tornava mais fácil e espontânea a receptividade de suas inspirações; a maior adequação ao meio estimularia talvez a sua criatividade...
À necessidade do sobreviver, somava-se a insegurança social generalizada, nesse período de instabilidade política e social; a reação de medo, ante o que constituía uma ameaça real e concreta de uma revolução iminente das classes trabalhadoras, levaria os intelectuais ao reformismo intelectualista, à fé no poder regenerador da razão, ao messianismo cultural, típico dos poetas que perderam a crença numa renovação revolucionária da sociedade. Iniciada a reação, artistas e poetas nascidos com a Revolução Francesa ficaram marginalizados, embotados num longo período de repressão; logo desistiram de qualquer atuação prática, contentaram-se em revolucionar o pensamento dos homens, em particular das classes mais pobres(35) Nota do Autor.
Crentes no poder da razão, abandonaram o utopismo revolucionário: voltaram às pegadas de seus precursores do século XVIII, os funcionários ilustrados das cortes do despotismo esclarecido. Dedicaram-se alguns à integração paternalista das classes trabalhadoras, que a industrialização parecia marginalizar num perigoso mundo à parte. Idealizaram, como Coleridge, a função