Visitantes do Primeiro Império

ou a mula vendidos a seu lado. O senhor explora-os de todos os modos: carregadores, artífices, barqueiros, cada qual deve trazer um lucro proporcional a seu custo; e quando, obedecendo às mais caras leis da natureza, têm filhos, como eles votados à escravidão, são apenas novo ganho para o senhor.

"Os barqueiros parecem os mais infelizes. Como não podem ser constantemente vigiados, o preço de seu trabalho é previamente taxado, fixando-se o quanto devem trazer todas as noites. O dia foi mau e o ganho inferior? São açoitados. Poderão, ao menos, guardar o excedente, quando o ganho recolhido é, por acaso, superior à taxa? Não; o senhor guarda tudo. Que há de admirar se o pensamento do crime às vezes se lhes insinua no espírito irritado pelo infortúnio e pela injustiça, quando o fruto do crime pode preservá-los de um castigo previsto? Por isso recomendam que se desconfie dos barqueiros, e se evite embarcar só com eles, para atravessar o porto à noite. Vários passageiros demasiado confiantes pagaram com a vida uma tal imprudência, e as ondas da baía guardaram o segredo do crime, à custa do qual o remeiro salvou as costas do vergalho.

"Não é só pelo trabalho que o negro escravo contribui para a fortuna do seu proprietário: a especulação