o véu, quando cada parte do quadro se descobriu sucessivamente e cada objeto, saindo do caos, foi, por assim dizer, criado a meus olhos; quando afinal o véu inteiro se dobrou e a criação foi concluída, então meus olhos e toda minha inteligência se fixaram sobre o que via. Durante um instante vivi aí, exclusivamente aí; vivi com todas as minhas faculdades até que minhas reflexões puderam enfim tomar um curso mais regular e mais calmo. O que senti, não teria sabido nem saberia ainda hoje dizer como senti, mas a impressão me ficou viva e penetrante por anos e anos. O gozo se prolonga depois desse primeiro momento de transporte e de admiração, mas é mais suave. O olhar procura e estuda os objetos, o pensamento marcha e as ideias se seguem com ordem. Tudo se distingue no conjunto e nos detalhes; as nuvens tangidas para longe, no espaço do céu ou no interior das terras, não deixam mais que retalhos esparsos sobre picos mais elevados, que as rasgaram na passagem. Domina-se tudo das alturas do Corcovado, e dessa elevação vê-se, compreende-se a extensão da baía, aquilatando-se facilmente sua importância e as vantagens de sua situação; o nome de Dias de Solis parece traçado em caracteres luminosos em suas margens, e é um prazer pronunciá-lo para prestar homenagem à memória de seu