que eu então dispunha. Depois, porém, que essas lacunas foram preenchidas, com o trato intensivo de problemas da história colonial e mercantil, depois que a matéria se me tornou mais familiar, aproveitei as férias da Páscoa, em 1910, para mais de espaço me ocupar com os papéis do Brasil, no Arquivo Real de Haia.
Da leitura da respectiva literatura obtivera eu a impressão de que a história externa da colonização holandesa no Brasil já era assunto como que esgotado, e que, portanto, seria tarefa pouco compensadora, proceder a mais profundas escavações a seu respeito. As Atas (Akten) convenceram-me do meu engano. Nelas encontrei tal abundância de informes sobre sucessos políticos e militares que não eram absolutamente conhecidos, ou o eram apenas superficialmente, que fiquei em condições de poder introduzir novas linhas no velho quadro, de avivar muitos traços e mais justamente distribuir a luz e a sombra. Proporcionaram-me assim também os Documentos um lance de vista sobre a organização, administração e condições financeiras da região ocupada pelos holandeses e permitiram-me conhecer muito mais claramente do que até então havia sido possível, a vida social e religiosa naqueles tempos, bem como as relações dos europeus para com os índios e os negros. Entretanto, as informações mais valiosas foram as que obtive sobre o desenvolvimento econômico da Colônia, sua produção, seu comércio, navegação, importação e exportação, — coisas estas em que os primeiros a tratarem da matéria somente muito pela rama tocaram, quando não as deixaram simplesmente à margem, em consequência da sua extrema dificuldade. O próprio acervo encontrado, de si mesmo, determinou o caminho a ser adotado no agrupamento do material e na disposição do trabalho.