Para ter-se uma ideia do contraste, basta ir ao salão de honra do quartel-general da praça da República. Ali defrontam-se duas telas, documentos materiais da divergência, apesar dos convencionalismos picturais: Caxias, na batalha, modelo de rigor e respeito à farda regulamentar; Osório, a pé, de lança na mão, junto a seu cavalo de guerra, de poncho, fora de uniforme, portanto.
Tão longe iam tais intrigas partidárias e nugas da vida íntima dos oficiais, que, de Osório, rival em destemor de Bayard e de Michel Ney, le brave des braves, ousavam boquejar, a medo, que nos combates usava o poncho para passar despercebido e se tornar menos exposto ao fogo.
Tal vileza se murmurava de quem, à ponta de lança e nas cargas, se havia constituído, por sua bravura fantástica, o ídolo de todos os comandados, estrangeiros e brasileiros. E, entre estes, se contavam, inúmeros, os representantes das velhas dinastias militares que, desde a Independência, eram a honra e a glória do Brasil, os Camaras, os Mennas, os Fonsecas, os Ribeiros, e tantos e tantos outros!...
Se não fôra a probidade histórica tal punhado de lodo se não deveria erguer do paul da inveja e da miséria humana onde se escondia!...
Assim como acontecera com as distinções, as condecorações, os títulos e postos, tais salpicos não ficaram na história e na lenda. A tudo isso, superava a figura nobre, serena e imaculada do Grande Soldado.
Naturalmente, um dia terá a história de ajuizar tais calúnias, para lhes remontar às origens e fulminar seus impatrióticos autores!