Estudos Históricos e Políticos

a humílima cerimônia se transformou em apoteose ao amigo, ao sábio, ao justo, ao bom!

Quinze dias estivera doente, e relativamente pouca gente havia sabido do combate travado com a pacificadora das lutas humanas. Ainda assim, eram contínuas as visitas. Não desenchia o porão paupérrimo onde se ia finando, entre seus constantes amigos — homens e livros, esse gigante da inteligência e da bondade.

Nunca o abandonaram as nobres e altas e puras dedicações femininas que em vida soubera conquistar. Ali, muitas vezes por dia, se encontravam os mais lídimos representantes do que o Brasil possui de melhor em todos os seus círculos. Não se divulgara a morte, nem por boletins nos jornais, e, entretanto, algumas centenas de pessoas acotovelavam-se, em derradeira homenagem a esse homem que nada fôra na escala dos fictícios valores sociais.

Pobre, simples professor, nunca dispusera de poder ou influência. Limitara-se a ser um bom e um desprendido. Mas pairava bem alto, serena irradiação intelectual a guiar discípulos nas pesquisas a bem do Brasil. Modelo de sacrifício, inspirador de novos sacrifícios no culto do ideal: servir a terra natal. Centro de conforto e de simpatia para quantos ele tinha amado, e de quem recebera em troca amizade e veneração.

E, num movimento espontâneo de amor, todos os presentes às pobres e mesquinhas exéquias — grandes nomes nacionais; humildes índios a que tinha servido e abrigado; respeitáveis senhoras por quem nutrira tanto afeto e que lho retribuíam com tanta sinceridade, sem limite de idade, das avós de cabelos brancos às mocinhas que desabrochavam à vida, discípulos pranteando o Mestre; íntimos rememorando as expansões de sua intimidade — todos, quiseram levar os restos queridos ao cemitério

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