de fadas, de taça de champagne a borbulhar de gás e a refrangir a luz. Era um sedutor.
Não o julgassem por esse único aspecto, entretanto, por mais admirável fosse. Sob tais roupagens de suntuoso luxo intelectual e estético, pensava um cérebro dos mais sólidos, mais práticos e mais nutridos de estudos clássicos e científicos.
Foi grandemente admirado, invejado e censurado também.
Por conta dele, corriam ditos mordentes de percuciente visão psíquica. Poucos contemporâneos possuíram, como ele, a faculdade de apreender a silhueta integral de seus interlocutores, e, nela, o traço pitoresco ou mesmo ridículo. E sabia dizê-lo com a mais graciosa desenvoltura.
Muita ferida de vaidade daí se originou. Caluniaram-no por isso, dando à sua mordacidade o característico de detração sistemática.
Nada mais injusto. Nunca inventou. Seguia os processos dos caricaturistas, exagerando as linhas dominantes. Nem se exercia sua verve senão sobre aspectos secundários, menos importantes das personalidades. Isso mesmo alanceava fundo certos temperamentos, mais aptos a perdoarem uma acusação fundada do que a tolerarem uma pilheria; epidermes mais sensíveis ao remoque e à ironia do que à censura procedente.
E a prova de que nada havia de inveja, de maldade, nesse feitio mental, está em que sabia admirar todas as superioridades e cultivar inúmeras afeições.
É incontestável, por outro lado, que esse extraordinário poder de realçar a face risível dos fatos ou dos homens lhe trouxe dissabores e dificuldades. Era-lhe irreprimível a tendência de divulgar um dito de espírito, um conceito ático. A esse gozo mental sacrificava por