Estudos Históricos e Políticos

requintes de apuro de doma; aos segundos, mais numerosos, pedia-se menos: saúde, fortaleza e resistência.

Com as montadas, percursos diários de seis a sete léguas (nas regiões acidentadas do Brasil Central) poderiam fazer-se durante semanas a fio, não havendo descuido com o lombo e os cascos, geralmente ferrados, e com o forrageamento. Contrário, pois, do que se dá no Norte, onde o cavalo domina e corre mais ligeiro e desferrado; e ainda em oposição com o Sul, no qual, na coxilha, a andadura é mais veloz e os animais de muda são de regra.

Com os cargueiros, o escopo é outro. Não ultrapassam as marchas três a quatro léguas por dia. O essencial é a resistência ao peso. Em geral de oito a dez arrobas de 15 quilos, excepcionalmente, doze. Organizar e conduzir um lote requer talento especial e grande prática para não inutilizar os animais, quer por excesso de peso, pisaduras dos arreios ou esforços demasiados. Cumpre acertar com precisão a cangalha, equilibrar o conjunto, nem sempre simetricamente repartido, recorrendo para isto a vários artifícios, alceando desigualmente as cargas, ou usando dos contrapesos, a que chamam "dobros" — ou ainda com o "cambito ou arroxo", dando o "aperto" do lado conveniente.

Cada lote contava sete, nove ou 11 bestas, os de sete eram mais comuns na antiga província do Rio de janeiro; os de nove, em geral, caracterizavam a tropa mineira; os de 11, a tropa goiana. O "arrieiro" usualmente ia montado, e os camaradas a pé. Quando vazios grupos se juntavam, costumava haver um capataz.

Cada grupo de muares tinha "madrinha", que era ou um cavalo ou uma besta mais segura, a servir de guia na marcha, e centro de reunião dos animais no apascentar noturno. Era hábito velho dar-lhes arreios especiais, com fitas e panos vistosos, e mais guizos e muita prataria nas cabeçadas.

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