História das explorações científicas no Brasil

Merecem especial referência, como expedições de caráter puramente científico e de finalidade geográfica, as de exploração do Purus, feitas por Chandless, Euclides da Cunha e Ferreira da Silva, a triste odisseia do Javari, as dos rios da Rondônia, feitas pelas comissões Rondon e as de vários rios do Pará, executadas por Henrique e Olympia Coudreau.

Começando a História da Geografia do Purus escreve Euclides da Cunha: "A exemplo da grande maioria dos tributários da margem direita do Amazonas, o Purus parece inteiramente estranho à nossa história. Surge incidentemente, numa ou noutra referência fugitiva. A frase do padre João Daniel, no seu imaginoso Tesouro Descoberto, resume, quanto a este ponto, todo o saber dos nossos velhos cronistas: Entre o Madeira e o javali, em distância de mais de duzentas léguas, não há povoação alguma".

Deixando de lado "a geografia mitológica do Purus", com esse rio dos Gigantes de Acuña, habitado por gigantes de 16 palmos de altura, com grandes pateras de ouro nas orelhas e narizes, do qual Guilherme de Lisle faz em 1709 o seu rio dos Omopalens, habitado pelos "Mutuanis, que l'on dit être des gens riches en or", tem-se o atestado de que ele fora regularmente explorado, embora sempre dentro daquele sigilo tão do agrado da Metrópole portuguesa, pois o padre João Daniel já informa que o rio Purus "é tão grande que tem para cima de 30 dias de boa navegação, sem as trabalhosas catadupas dos demais" e na carta de Antonio Pires da Silva Pontes, o astrônomo da quarta comissão das reais demarcações, grande parte do Purus, até 6° 30' de latitude, aparece com um traçado muito próximo do verdadeiro, de modo que quase poderíamos superpor a carta setecencista com a atual.

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