História das explorações científicas no Brasil

"A casa do Infante", escreve Oliveira Martins, "patente a quantos havia bons e valiosos no reino, era, porém, sobretudo o asilo dos estrangeiros que cooperavam com ele na sua empresa absorvente. Dava-lhes mais acolhimento ainda do que aos nacionais; chamava-os, premiava-os, para que viessem iniciar-nos em todos os seus segredos, e armar-nos com todos os recursos necessários à missão que via desenhar-se no mapa imenso do mar desenrolado diante de Portugal".

Conta Azurara que um dia, levantando-se da cama num ímpeto de decisão terminante, mandou armar as barcas e aos escudeiros que partissem para o sul: queria saber que terras se escondiam, encobertas nesse manto azul de ondas.

Acossada pelas tempestades, arrastada pelas correntes marinhas, vai dar a frágil nau a Porto Santo. A descoberta dessas ilhas a oeste vinham dar realidade à lenda do xerife Edrisi. Coincidia com a volta de Porto Santo a chegada de João Gonçalves Zarco, com a história de Roberto Machin, perdido na praia de uma ilha encoberta. 1420! Nova joia é arrancada ao mistério das ondas; de Porto Santo, ao observarem o horizonte para o sul, aparecia um nevoeiro constante a assinalar a existência da terra: -- era a Madeira.

E ali, daquele promontório onde estava como embarcado, quase via o Infante as praças de Marrocos, o seu império, e para o sul ir descendo, ao longo do mar a costa, sua esperança, e a oeste, entre brumas, alteando-se das ondas como sereias, as novas ilhas — a sua tentação.

Foi depois da descoberta da Madeira, que Dom Henrique se instalou naquele ponto "onde combatem ambollos mares, scilicet, o grande mar oceano com o mar Mediterrâneo". Na enseada fundeavam as caravelas, "os melhores navios de vela que andavam sobre o mar"; na praia arrumavam-se

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