os armamentos e equipações da tercena ; na península estava a escola náutica e cartográfica, com o maiorquino mestre Jaime e o pintor cartógrafo mestre Pedro.
"E assim como os seus mareantes iam marcando a passagem ao longo da costa africana, levantando cruzes de madeira, sinais simbólicos de suzerania, assim no seu espírito insaciável cada passo andado ficava impresso como um vaticínio. De 1434, com Gil Eannes a 1455, com Cadamosio, descem-se quatorze graus na costa africana. Pelas bandas de oeste apenas Gonçalo Velho desencanta os Açores em 1435-1436.
Ao cerrar os olhos, aos 66 anos de idade, na atalaia do seu querido Portugal, deixava o Infante pesado e glorioso legado: o da expansão marítima e dos novos descobrimentos. Quase trinta anos se passam até que recomecem as caravelas a desvendar os segredos do oceano. Teriam sido, porém, todos esses lustros de abstenção e de silêncio, de desprezo pelo impulso magnífico do Infante? Seriam, como quer Oliveira Martins, um parêntese na história portuguesa, parêntese violentamente cerrado com a ascensão de Dom João II ao trono, vingando com o cutelo e o punhal a memória do avô, esmagando as resistências anárquicas da nobreza?
Nada parece menos certo.
A paz entre Castela e Portugal era instável, escondendo insídias e traições. A descoberta das Canárias, tão cobiçadas pelo Infante Dom Henrique, as empresas dos dois povos rivais da Península ameaçavam a cada momento romper esse equilíbrio e, por isso, sem a guerra aberta e leal dos campos de batalha, procurava cada qual assenhorear-se do melhor quinhão.
Na Lisboa cosmopolita do crepúsculo da Idade Média cartógrafos e náuticos, vindos de Biscaia, de Cádix, de