Preparava-se Dom João II a tornar público depois dessa sua grande vitória diplomática, o que então conservara oculto e mandaria assinalar com os mesmos marcos de pedra essas terras austrais dentro das 370 milhas do tratado firmado em Arévalo? Teria ele conhecimento desses lusos aí instalados desde 1491? (9).Nota do Autor
Sua morte prematura (outubro de 1495) e a política de mistério, aplicada sistematicamente pela Coroa portuguesa à exploração das terras ocidentais deixam sem resposta esta série de perguntas.
Em 1495, por um conjunto quase incrível de acasos e coincidências, sobe ao trono Dom Manoel, de natural fraco, caprichoso e desmedida vaidade. No tumulto dos projetos que se sucedem e desfazem na sua mente, nessa sede de domínio que o empolga até ao desvario, mais lhe sorri a conquista da Índia, com as suas fabulosas riquezas, e o encontro da terra do Preste João, que a posse dessa afastada terra ocidental "da qual não há certeza mas suspeita".
Mas nessa entrevista, de uma solenidade macabra, com o cadáver do seu antecessor, diz Jaime Cortezão, "revendo a imagem torva na grandeza de outrora, calava-se o ressentimento acerbo, de novo acobardado: aquela trágica presença por certo o excitou por longo tempo e lhe acendeu um desejo imenso de exceder-se (10).Nota do Autor