durante algumas semanas na Amazônia. Não sei que melhor crédito à nossa gratidão poderia o Instituto Histórico obter no seu centenário que esta magnífica realização da tradução do que Afonso de Taunay chamou "a viagem capital de Spix e Martius".
Começam esta longa e proveitosíssima viagem a oito de dezembro de 1817, dirigindo-se para São Paulo pela estrada real, chegando à capital bandeirante no último dia desse ano; e daí seguem por Sorocaba, Jundiaí, Atibaia, passando a Minas Gerais onde visitam Vila Rica e continuam em demanda do alto sertão do São Francisco. No dia 31 de março de 1818 começam a descer o Carinhanha, vêm até Ilhéus e daí seguem para a capital baiana, que alcançam no dia 10 de Novembro. É curta a sua demora: continuando por terra para Joazeiro, atravessam o alto sertão de Pernambuco e Ceará, indo até São Luiz do Maranhão, onde embarcam para Belém. A 6 de agosto de 1819 começam a subir o Amazonas; perto de Santarém escapa Martius de morrer afogado. Chegam juntos a Ega, de onde segue Spix para Tabatinga, voltando à Barra do Rio Negro em 5 de fevereiro de 1820, e Martius para explorar o japurá, chegando à Barra quase um mês depois do seu amigo. Partem juntos a visitar os Maués e Munducurus, e a 15 de junho de 1820 embarcam no "Vulcano", de regresso para a Europa. Nessa viagem colheu Martius seis mil e quinhentas espécies de plantas, núcleo inicial dessa monumental Flora brasiliensis, de cujo programa deu conta na carta em que agradecia ao Instituto Histórico o título de membro honorário. Dizia ele então: "As riquezas vegetais do Império do Brasil são tantas, que talvez não haja um só vegetal conhecido ou útil ao homem, cujo representante não se ache entre os inumeráveis que constituem a Flora desse belíssimo país. Considerando nisto, tenho preparado, há muitos anos, uma "Flora médica do Brasil", a qual breve sairá à luz.