atrair para ele a atenção do homem, a natureza colocou minas de diamantes, cujo valor é bem pequeno, em comparação com as vantagens que o comércio tirará um dia desta maravilhosa junção das águas. De volta a Cuiabá partimos logo para descer o rio do mesmo nome, depois o de São Lourenço e enfim o Paraguai até à república de Francia. Excursões ao Gran Chaco, região tão temida dos espanhóis, nos permitiram estudar os cavaleiros selvagens que aí habitam. Subindo o Paraguai, atravessamos os grandes pântanos de Xarayes, inteiramente desconhecidos dos espanhóis, em companhia dos Guatós, raça indiana tão curiosa sob o ponto de vista do tipo físico como sob o do desenvolvimento de suas qualidades morais; atravessamos a cidade empestada de Mato Grosso e entramos no país dos Chiquitos, onde pudemos admirar os restos das magníficas missões que os Jesuítas aí haviam estabelecido outrora. O filósofo voltairiano, escrevendo no seio das cidades, pode lançar o sarcasmo do ridículo sobre os missionários virtuosos que, somente com o fim de ser úteis à humanidade, suportam todas as privações e arrostam todos os perigos; mas o viajante que é recebido com carinho e amabilidade, numa hospitalidade sem limites aí onde, antes que eles tivessem vindo, só encontraria o selvagem hostil, esse não pode fazer coro aos remoques dos sábios de gabinete. Não receio dizer que aos missionários se deve a quase totalidade das descobertas da geografia moderna, porque é bem raro que o mais afoito viajante se possa vangloriar de não ter sido precedido por estes pioneiros da civilização evangélica: primeiro o padre, depois o naturalista; tais são no deserto, os precursores da raça branca. Nossa descida do Amazonas, numa extensão de cerca de 800 léguas, foi uma simples viagem de recreio, comparada com os nossos trabalhos passados; os magníficos produtos deste belo rio nos forneciam objetos constantes de estudos, e as raças caraíbas