História das explorações científicas no Brasil

partindo de Pebas a 23 de dezembro desse ano, descendo o Amazonas: em 6 de fevereiro de 1847 estão em Barra do Rio Negro e em 16 de março em Belém, de onde embarcam para Caiena. No prefácio da longa e, não raro, fastidiosa narrativa da viagem, nos dá Castelnau este esplêndido resumo da expedição:

"Apesar da perda de uma porção notável de nossos documentos, os materiais que ainda temos em mãos são muito consideráveis e consistem em mais de 200 desenhos, representando paisagens e costumes das tribos, cerca de 400 desenhos zoológicos, esboços numerosíssimos de plantas, principalmente criptógamos, devidos a Weddell, num itinerário completo da nossa viagem do Rio a Lima, em cartas dos rios percorridos, etc."

"Depois de termos atravessado a zona das florestas virgens que margeiam o oceano Atlântico, atingimos a dos imensos campos ou planícies apenas cobertas de uma vegetação enfezada, que ocupa quase todo o centro do continente. Chegados a Goiás, descemos o Araguaia que era quase desconhecido, e voltamos pelo Tocantins, que logo deixamos, para atravessar imensos desertos, habitados somente pelos canibais Chavantes e pelos Caoeiros, ainda mais cruéis; imensa solidão nos separava de Cuiabá, que alcançamos depois de uma penosa marcha de dois meses; nessa capital de Mato Grosso observamos o singular fenômeno político de uma cidade ativa e comercial, situada a 400 léguas de qualquer porto. Uma excursão para o norte da província central de Mato Grosso nos permitiu determinarmos a posição das nascentes do Paraguai assim como as do Tapajós, e pudemos contemplar ao mesmo tempo os braços de dois dos maiores rios do mundo, dos afluentes do Prata e do Amazonas, que saíam a nossos pés, entrelaçando-se, das entranhas da terra. Ali ainda, e como para tornar mais interessante este ponto curioso e

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