fazem adargas os guerreiros e tão fortes, que bem curtido, não o atravessa uma bala de arcabuz; só se sustenta da erva que pasce, como se fosse boi verdadeiro; debaixo d'água sustém pouco o anhélito, e assim, onde quer que ande, levanta a meúde o focinho para cobrar novo alento".
Observa que as tartarugas, "tão grandes e maiores que rodelas de bom tamanho, saem a desovar na praia, ocupando-se cada qual em fazer a cova onde pretende deixar os ovos. E tratando das "caças do monte" acentua que os nossos porcos monteses (que, como durante mais de dois séculos se acreditou, diz "terem o umbigo nas costas") (8)Nota do Autor não são javalis "os dois gêneros muito diversos".
A sua descrição dos efeitos do peixe elétrico, em um tempo em que nem se sonhava com a eletricidade, é realmente digna de ser transcrita:
"Muitos deles (fala dos peixes) são de particularíssimas propriedades, como é a de um peixe, que os índios chamam peraquê, que é a modo de uma enorme enguia, ou por melhor dizer, como um pequeno congro, o qual tem a propriedade de, enquanto estiver vivo, quando lhe tocam tremem do corpo inteiro enquanto dura o contato, como se tivessem um calafrio de quartans, cessando tudo no instante em que dele se apartam". Fernão Cardim observara o mesmo fenômeno com a nossa raia elétrica ou treme-treme, escrevendo: "Purá. Este peixe se parece com arraia: tem tal virtude que quem quer que o toca logo fica tremendo, e tocando-lhe com algum pau, ou com outra qualquer coisa, logo adormece o que lhe põem, e