História das explorações científicas no Brasil

das condições sanitárias daquela região brasileira. Era natural que os dois cientistas brasileiros, na parte referente à fauna, tivessem especialmente em mira a colheita de material de interesse médico e parasitológico. Assim trouxeram abundante cópia de protozoários, estudados por Marques da Cunha, de helmintos, classificados por Lauro Travassos, de mosquitos e mutucas, dos quais se encarregou Artur Neiva, tendo confiado os ofídios a João Florêncio Gomes.

Uma nota interessante foi a verificação da Tunga penetrans, o bicho de pé, parasitando a anta, que os autores do relatório da expedição consideram como provável hospedeiro primitivo dessa pulga.

Neiva e Pena visitaram o sertão da Bahia, Ceará e Piauí. Com a visão clara de naturalista, são preciosas as notas de Artur Neiva e a sua apreciação sobre os nossos gatos do mato é das mais justas, como o demonstrou o trabalho publicado, quase na mesma ocasião que o "Relatório", por Allen, nos Estados Unidos.

Merecem especial referência as viagens científicas da Dra. Emilia Snethlage que, com o mesmo desassombro feito de heroismo e de modéstia que demonstrara Olímpia Coudreau, realizou sozinha uma série de viagens de exploração zoológica em nosso país. Nascida em 13 de abril de 1868 na Westfalia, veio para o Brasil em 1905, a trabalhar no Museu Paraense e, apenas chegada, partiu a estudar a avifauna do Tapajós, do Tocantins, do Xingu, sendo a que realizou ao Tapajós e ao Xingu, em 1909, especialmente notável não só pelos dados zoológicos como etnológicos. Quando o Museu Goeldi, de que fora diretora, caiu em colapso, veio, a chamado de Roquette Pinto, como contratada para o Museu Nacional. Aqui fez interessante viagem ao baixo Rio Doce, demorando-se alguns meses em modesta vivenda às margens da lagoa

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