"...A pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
De uma austera, apagada e vil tristeza".(2) Nota do Autor
Leia-se o importante volume(3) Nota do Autor, recentemente estampado pelo continuador de Alexandre Herculano, e veja-se como o estado moral, econômico e político do reino se comprometeu mais e mais no correr dos anos, justificando a queixa do pesaroso poeta.
A providência, que tantas vantagens doou aos povos do sul da Europa, quis, por sua grande equidade, negar-lhes a poderosa energia individual, que é a causa, o apoio e a explicação da força de movimento das nacionalidades do norte. Assim, quando, em Portugal, chegou seu dia, o absolutismo venceu sem combates, dominou e oprimiu sem embaraços.
Aquele que desejar medir todas as suas consequências, morais ou materiais, sobre a religião ou sobre a indústria, sobre o Estado ou a família, o cidadão ou o homem, contemple a longa série de atos valorosos, mas também despóticos, por cujo meio, muitos anos mais tarde, o célebre ministro de D. José tentou, num esforço sublime, restaurar o governo e erguer o país do abismo em que mais e mais se afundava.
Ainda, o mal era tão grave e tão difícil a cura, que a reação foi não só violenta como eficaz, no reinado seguinte.
Até hoje, os movimentos políticos de Portugal revelam periodicamente a existência de uma voragem que tão cedo se fecha, como logo prorrompe em novas devastações.
A história interna da metrópole aclara a fisionomia da colônia.