donde bateram a fortaleza rijamente. E como os franceses se viram apertados despejaram o castelo e fortaleza uma noite; e lançaram-se na terra firme com o gentio tamoio, que os favorecia muito; e entrada a fortaleza, mandou o governador recolher a artilharia e munições de guerra, que nela havia; e mandou-a desfazer e arrasar por terra, e avisou logo do sucedido à Rainha em uma nau francesa, que neste Rio tomou, e como houve monção se recolheu o governador para a Bahia (visitando as capitanias todas) aonde chegou a salvamento. Mas não alcançou esta vitória tanto a seu salvo, que lhe não custasse primeiro a vida de muitos portugueses e índios tupinambás que lhe os franceses mataram às bombardadas e espingardadas; mas como a Rainha soube desta vitória, e entendendo quanto convinha à corôa de Portugal povoar-se e fortificar-se o Rio de Janeiro, estranhou muito a Mem de Sá o arrasar a fortaleza, que tomou aos franceses, e não deixar gente nela, que a guardasse e defendesse, para se povoar este Rio (o que ele não fez por não ter gente que bastasse para poder defender esta fortaleza); e que logo se fizesse prestes e fosse povoar este Rio, e o fortificasse edificando nele uma cidade que se chamasse de São Sebastião; e para que isto pudesse fazer com mais facilidade, lhe mandou uma armada de três galeões, de que ia por capitão-mor Christovam de Barros, com a qual, e com dois navios de El-Rei que andavam na costa, e outros seis caravelões, se partiu o governador da Bahia com muitos moradores dela que levavam muitos escravos consigo, e partiu-se para o Rio de Janeiro, onde lhe sucedeu o que neste capítulo se segue.