Tratado descritivo do Brasil em 1587

fosse informado como os franceses tinham feito neste Rio uma fortaleza na ilha de Viragalham, que foi o capitão que nela residia, que se assim chamava, mandou a D. Duarte da Costa que neste tempo era governador deste Estado, que D. Duarte fez com muita diligência, e avisou disso a S. A. a tempo, que tinha eleito para governador-geral deste Estado a Mem de Sá a quem encomendou particularmente, que trabalhasse por pôr esta ladroeira fora deste Rio. E falecendo El-Rei neste conflito, sucedendo no governo a Rainha Dona Catharina, sua mulher, que está em glória, sabendo da vontade de S. A. escreveu ao mesmo Mem de Sá, que com a brevidade possivel fosse a este Rio e lançasse os franceses dele, ao que obedecendo o governador fez prestes a armada, que do reino para isso lhe fôra, de que ia por capitão-mor Bartholomeu de Vasconcellos; a qual ajuntou outros navios de El-Rei, que na baía havia, e dez ou 12 caravelões; e feita a frota prestes, mandou embarcar nela as armas e munições de guerra e os mantimentos necessários, em a qual se embarcou a mor parte da gente nobre da Bahia, e os homens de armas, que se puderam juntar, com muitos escravos e índios forros. E indo o governador com esta armada correndo a costa, de todas as capitanias levou gente que por sua vontade o quiseram acompanhar nesta empresa, e, seguindo sua viagem, chegou ao Rio de Janeiro com toda a armada junta, onde o vieram ajudar muitos moradores de São Vicente. E foi recebido da fortaleza de Viragalham, que neste tempo era ido a França, com muitas bombardadas, o que não foi bastante para Mem de Sá deixar de se chegar à fortaleza com os navios de maior porte a varejar com artilharia grossa; e com os navios pequenos mandou desembarcar a gente em uma ponta da ilha, onde mandou assestar artilharia,