na qual jornada teve muitos encontros de guerra com o gentio e com um grande exército de mulheres que com ele pelejaram com arcos e flechas, de onde o rio tomou o nome das Amazonas. Livrando-se este capitão deste perigo e dos mais por onde passou, veio tanto por este rio abaixo até que chegou ao mar; e dele foi ter a uma ilha que se chama a Margarita, de onde se passou a Espanha. Dando suas informações ao imperador Carlos V, que está em glória, lhe ordenou uma armada de quatro naus para cometer esta empresa, em a qual partiu do Porto de S. Lucar com sua mulher para ir povoar a boca deste rio, e o ir conquistando por ele acima, o que não houve efeito por na mesma boca deste rio falecer este capitão de sua doença, de onde sua mulher se tornou com a mesma armada para Espanha.
Neste tempo pouco mais ou menos andava correndo a costa do Brasil em uma caravela como aventureiro Luiz de Mello, filho do alcaide-mor de Elvas, o qual, querendo passar a Pernambuco, desgarrou com o tempo e as águas por esta costa abaixo, e vindo correndo a ribeira, entrou no Rio do Maranhão, e neste das Amazonas, de cuja grandeza se contentou muito; e tomou língua do gentio de cuja fertilidade ficou satisfeito, e muito mais das grandes informações que na ilha da Margarita lhe deram alguns soldados, que ali achou, que ficaram da companhia do capitão Francisco de Arelhana, os quais facilitaram a Luiz de Mello a navegação deste rio, e que com pouco cabedal e trabalho adquirisse por ele acima muito ouro e prata. Do que movido Luiz de Mello, se veio a Espanha e alcançou licença de El-Rei D. João III de Portugal para armar a sua custa e cometer esta empresa, para o que se fez prestes na cidade de Lisboa; e partiu do porto dela com três naus e duas caravelas, com as quais se perdeu nos baixos do Maranhão, com a maior