quartos. Tem este Rio do Maranhão na boca, entre ponta e ponta delas para dentro, uma ilha que se chama das Vacas, que será de três léguas, onde esteve Ayres da Cunha quando se perdeu com sua armada nestes baixos; e aqui, nesta ilha estiveram também os filhos de João de Barros e a tiveram povoado, quando também se perderam nos baixos deste rio; onde fizeram pazes com gentio tapuia, que tem povoado parte desta costa, e por este rio acima; onde mandavam resgatar mantimentos e outras cousas para remédio de sua mantença.
Por este rio entrou um Bastião Marinho, piloto da costa, com um caravelão e foi por ele acima algumas vinte léguas, onde achou muitas ilhas cheias de arvoredo e a terra delas alcantilada com sofrível fundo; e muitos braços em que entram muitos rios que se metem neste: o qual afirmou ser toda a terra fresca, cheia de arvoredo e povoado de gentio, e as ilhas também. Neste rio entra o de Pindaré que vem de muito longe.
Para se entrar neste Rio do Maranhão, vindo do mar em fora, há de se chegar bem à terra da banda de leste por fugir dos baixos e do aparcelado; e quem entrar por entre ela e a ilha entra seguro.
Quem houver de ir deste Rio do Maranhão para o da Lama ou para os das Amazonas há de se lançar por fora dos baixos com a sonda na mão, e não vá por menos de doze braças; porque esta costa até aqui dez léguas ao mar, vaza e enche nela a maré muito depressa, e em conjunção de lua tem grandes macaréus; mas para bem não se há de cometer o canal de nenhum destes rios senão de baixa-mar na costa, o que se pode saber pela lua, o que convém que seja, pelos grandes perigos que nesta entrada se oferecem, assim de macaréus, como por espraiar e esparcelar o mar oito e dez léguas da terra; pelo que é