Dicionário da terra e da gente do Brasil

Alagação de outubro: expressão usada no arquipélago da baía de Todos-os-Santos para designar um período de chuvas que, de quatro a seis dias, ocorre no mês de outubro, como sinal de verão firme e sem secas, porque as fontes foram abastecidas. Quando não ocorre alagação de outubro, dizem os pescadores, é seguro sinal de seca (Informação de Arthur Neiva).

Alagoinha: regista-o Nelson de Senna, que escreve: "É Alagoinha — um diminutivo brasileiro de Alagoa; e este último nome representa um caso de metaplasmo (por prótese), quanto ao termo vernáculo — lagoa. Mas no sentido corográfico da linguagem do país, o que chamamos — alagoinha — vem a ser uma lagoa pequena e rasa, alimentada mais pelos passageiros depósitos fluviais do que mesmo por cursos d'água que nela venham ter; ao passo que a uma pequenina lagoa, permanente, corresponde a palavra — lagoinha. Já, propriamente, — Lagoa — é o nome que se reserva, entre nós, para designar os maiores e mais profundos lagos de água doce, ocupando extensa superfície, e que muitas vezes são alimentados por outros cursos d'água, tendo não raro comunicação subterrânea com rios próximos, por meio de canais ocultos (sumidouros ou itararés) ". De feito, na Corografia do Brasil, o termo — lagoa — quer dizer lago pequeno. Entretanto, às maiores formações linográficas do Brasil damos o nome de lagoa, como por exemplo a Lagoa dos Patos (9.000 quilômetros quadrados), maior do que os conhecidos lagos Titicaca (8.330 k2), entre a Bolívia e o Peru, Leopoldo II (8.200 k2) no Congo Belga, Nicarágua (7.700 k2) na República do mesmo nome, Atabasca, ... (7.400 k2) no Canadá e tantos outros. Ao outro grande lago do Rio Grande do Sul chamamos Lagoa Mirim que, com os seus 3.580 quilômetros quadrados, é maior do que os sabidos lagos Tana (3.100 k2), na Abissinia, Poopo (3.000 k2) na Bolívia, Tengrinor (2.420 k2) no Tibet, Vetter (1.960 k2) na Suécia e outros menores como sejam os seguintes: Saima, Maelar, Enara, Manágua, Ilmen, Stephania, Mar Morto ou Tiberiade, Balaton, Lemano, Constança, Guarda e dezenas de outros.

Albardão: usado no Rio Grande do Sul, designando uma cadeia de cerros alternados de baixadas ou lombada que se alteia à margem dos rios e lagunas. Rodolpho Garcia apresenta ainda como significação coxilha pequena. Em Severiano da Fonseca encontramos o seguinte passo: "Do outro lado, o riu Paraguai, internando-se entre as montanhas ou pequenos albardões, sobre as terras da sua margem direita desde o Jauru, por entre as serranias..." etc. (Viagem ao redor do Brasil. Vol. I pág. 48). "Note-se que Garibaldi quando atravessou a Lagoa dos Patos, subiu pelo rio Palmar até onde pôde e depois é que botou os lanchões em cima das rodas, atravessando albardões

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