Dicionário da terra e da gente do Brasil

ondulado e acidentado, com a altitude máxima de 700 metros e onde ficam as localidades de Campina Grande, Lagoa de Remígio, Esperança, Araras, Bananeiras, Guaribas e Alagoa Grande, todas florescentes. Segundo lemos em Philipp von Luetzelburg, sábio botânico da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas, em seu profundo estudo botânico do Nordeste (Publicação n. 57, Série I, A), o povo, em geral, chama a região do Brejo de arisco. Luetzelburg diz que é a parte mais fértil e cultivável de toda a região do Brejo e à pág. 20 do 2. vol. de seu trabalho nos dá uma lista das componentes principais da vegetação dos ariscos ou "vegetação típica da zona do Brejo da Serra de Borborema". Na Terra de Sol, de Gustavo Barroso, se lê à pág. 63: "As lombadas dos cerros são preferidas para algodão, os ariscos para mandioca, as baixas planas para milho e os encharcados para arroz".

Armação: Affonso Taunay em sua preciosa Coletânea de Falhas dicionarizou o vocábulo armação no sentido de empresa bandeirante para a caçada de índios, encontrando-o nos Inventários e Testamentos, publicação do Arquivo do Estado de São Paulo. Vicente Chermont já o havia feito no Pará com o sentido de madeiramento de uma barraca, já fincado e pregado ou amarrado no lugar, mas ainda por cobrir e por emparedar com palmas de certas palmeiras ou por taipas. No Norte do Brasil, da Bahia ao Amazonas, ao meu conhecimento, se diz armação o estado carregado da atmosfera ou seja a acumulação de nuvens grossas nas baixas camadas da atmosfera, pressagiando chuvas iminentes ou perturbações como trovões, raios e relâmpagos. Preparativos de chuvas ou tempestades. O dizer é frequente. No Marupiara de Lauro Palhano, à pág. 11, lemos: "O nordeste caiu brando; o mar escamou-se levemente. Mudou de rumo, refrescou e o pescador embevecido não se apercebia das armações preparadas no firmamento sem sol".

Arraial: no Brasil assim se denomina a pequena povoação, não raro temporária. Sinônimo de povoado, comércio, rua no Brasil e lugarejo e aldeia em Portugal. A respeito deste vocábulo transcrevemos os seguintes trechos da lavra de Diogo de Vasconcellos em sua História Antiga de Minas Gerais, à pág. 19: "Os bandeirantes alojavam-se à maneira de milícias em marcha e por isso chamavam arraial o sítio do acampamento. Alguns convertiam-se em povoados e conservavam o título para os distinguir das aldeias. Um arraial considerava-se orgulhoso desse título, porque as aldeias pertenciam a índios, governadas por leis excepcionais e humilhantes. O arraial gozava dos direitos comuns e entrava no regime civil geral do Reino".

Arraieiro: termo baiano, designativo do pescador que se dedica à pesca da arraia. Empregou-o Xavier Marques nos Praieiros, registando-o A. Taunay no Léxico de Lacunas.

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