A expedição do acadêmico G. I. Langsdorff ao Brasil, 1821-1828

Introdução

O trabalho que ora publicamos, de autoria do etnógrafo G. G. Manizer, já falecido, constitui a única pesquisa minuciosa sobre a primeira expedição russa ao Brasil, efetuada na primeira metade do século XIX e, segundo a correta afirmação do autor, "injustamente esquecida pela Ciência".

Esta observação de G. G. Manizer foi confirmada com a descoberta, em 1930, após sua morte, dos materiais de história natural pertencentes à Expedição e que se consideravam perdidos. Esses materiais conservam até agora sua significação científica e representam valiosa contribuição para o estudo da etnografia e também, até certo ponto, das línguas das tribos indígenas do Brasil Central.

Pode-se avaliar a importância desses materiais pelo fato de que determinadas tribos, como, por exemplo, os apiacás, mundurucus, guanás e outras, até hoje quase não foram estudadas. Sobre elas existem apenas dados incompletos e inclusive, via de regra, não sistematizados. Algumas das tribos estudadas pela Expedição (guanás, chiquitos e outras) foram exterminadas quase por completo pelos conquistadores e colonizadores ou assimiladas pela nova população do Brasil, oriunda da Europa.

Essas tribos partilharam do trágico destino da maior parte da população aborígine da América Latina. Exemplo típico são os botocudos, do estudo de cujo idioma, aliás, G. I. Langsdorff recolheu algum material linguístico e etnográfico.

"O passado dos botocudos é um martirológio... Começando pelo apresamento no século XVII, até aos últimos