Viagem pelo distrito dos diamantes e pelo litoral do Brasil

A aldeia da Chapada, onde parei, fica sobre uma eminência achatada, cercada a alguma distância por rochedos nus. Nos arredores de Chapada o terreno seco, árido e as pedras, assim como a areia branca, mostram-se em toda parte entre gramíneas e outras ervas extremamente pouco numerosas. Cerca de trinta miseráveis choupanas construídas desordenadamente, compõem a aldeia. Suas cobertas têm, como as de Rio Pardo, uma posição quase a prumo. São obrigados a construí-las assim porque a erva empregada na cobertura sendo mole e fina deixará passar as águas das chuvas se a inclinação for menor.

Os regatos que correm em Chapada deram outrora muitos diamantes; mas, como atualmente a maior parte deles está esgotada o intendente permite que aí se explore o ouro; e é essa ocupação que mantém os habitantes da aldeia. Esses homens, todos mulatos, calculam em quatro vinténs o ouro que podem colher num dia; mas ainda mesmo que não confessassem seus ganhos a pobreza que mostram indica suficientemente que eles não são consideráveis. Não se vê nos arredores da aldeia nenhum traço de cultura. Entretanto como esta região elevada não é extremamente quente estou persuadido de que o centeio podia aí ser cultivado em algumas terras. Mas, é preciso dizer, a cata do ouro convém mais que a agricultura à indolência dos habitantes das regiões auríferas.

Não foi apenas aos mulatos de Chapada que permitiram a pesquisa do ouro nos lugares pertencentes à demarcação diamantina. O Sr. da Câmara, forçado a dispensar grande número de escravos e feitores a fim de poder solver a dívida da administração, concedeu a diversos particulares a permissão de extrair

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